3.7.09

Vinexpo: a esperança é o BRIC

Carlos Eduardo Nogueira da Miolo apresenta seus vinhos.

Na Vinexpo, em Bordeaux, de 21 a 25 de junho, pude notar a presença de muitos brasileiros e de gente de todo o mundo. Se a perspectiva do salão este ano era pessimista, com expectativa de menos 15% de publico, a realidade se mostrou mais otimista, menos 8%. Se não foi um evento para tirar o setor da crise, por outro lado ele fez seu trabalho e movimentou o mercado como de costume. Se para alguns foi melhor para outros foi razoável. Uma aposta no BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China) se confirmou. É destes países que o mercado espera ter um crescimento de demanda antes dos demais. Um painel sobre o BRIC aconteceu durante o salão.

O Brasil esteve presente com alguns produtores como a Miolo, Lídio Carraro, Casa Valduga e Dom Laurindo. Tive a oportunidade de provar os vinhos da Miolo e digo que gostei bastante do RAR(Rogerio de Almeida Rebouças) e do merlot Terroir, o badalado lote 43 me cansou. Achei muito importante a participação brasileira, todos juntos sobre a mesma bandeira tal qual Chile, Argentina, Itália, Espanha,... Brasil já confirmou presença em Vinexpo Hong Kong 2010 e Bordeaux 2011, com mais expositores. Sucesso. Qualidade tem. Espero que no Brasil possamos tomar os mesmos vinhos com os preços exportação. Sensivelmente mais baixos.

Se a presença estrangeira representou 35% do publico presente, foram os cavistas (lojistas) franceses, que sofrem mais a crise, que deram o bolo. Do lado internacional Coréia e Formosa decepcionaram. Brasil, China e Europa do norte aumentaram sua participação. Estavam presentes: Grand Cru, Interfood, Casa Flora, Expand, Casa do Porto, Tio Sam, Vinea Store, Cantu, Santa Luzia, Club du Taste Vin, Fasano e Zona Sul. Rio, São Paulo e Bahia disseram presente.

Dânio Braga, o craque nacional, era cumprimentado por onde passava, em italiano, francês, espanhol,...François Dupuis mesmo com agenda cheia tinha tempo para um papo com os amigos. Jorge Lucky se desdobrava entre a sala de imprensa, degustações, a consultoria para a Interfood e nos momentos de folga um alô pros coleguinhas. Arthur Azevedo, sempre simpático, percorria os stands ora com os sommeliers profissionais ora com importadores brasileiros. Aguinaldo Zakea acompanhava o boss da sempre ativa Vinea Store Walter de Souza e seu diretor de marketing Ivan Hannickel. O atencioso Roberto Jerfer, Fernanda Milred e Ana Rita da Expand visatavam antigos e novos fornecedores. Espero que todos tenham feito bons negócios.

Os grandes do Languedoc Roussillon ficaram no pavilhão 1 junto aos outros grandes châteaux, domaines e negociantes. Foi o caso de Chamarré, Gerard Bertrand, Jean Jean, Sieur d’Arques e Val d’Orbieu ( Vignerons de la Mediterranée). No pavilhão dois os independentes do Languedoc se juntavam a italianos, espanhóis e alguns bordelenses. Destaque para Famille Fabre, Rocbère e Bon Fils.

Esta é a sala de imprensa, mas bom mesmo era o bar da imprensa na sala ao lado.

1.7.09

Calor no Languedoc


Uma frente quente se instalou no Languedoc e a temperatura chega a atingir 38ºC, fácil. A garotada faz igual nos subúrbios do Rio e se refresca como pode. O fogo é outra presença constante no verão ontem foi em Caune-Minervois que um bosque de pinheiros ardeu. Mas as vinhas seguem bem pois suas raízes são profundas e buscam água até mesmo abaixo dos 50 metros. Como as chuvas na primavera e inverno foram generosas e o tempo está seco, o que diminuiu os ataques de mildio e oídio, até agora tudo vai bem com a safra 2009. Ou melhor com seu vinho de 2010.

20.6.09

Brasil é o segundo maior consumidor de vinho da América Latina

Um recente estudo sobre o consumo de vinho no Brasil publicado pelo IWSR (International Wine and Spirit Record) coloca o Brasil como o segundo país consumidor da América Latina, logo depois da Argentina. O consumo atual é de 326 milhões de litros e o IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho) prevê um crescimento de 13% até 2011 elevando o total para 369 milhões de litros. O consumidor brasileiro está buscando vinhos de melhor qualidade, o que tem feito aumentar a importação. Isto fez com que no período de 2002 a 2007 ocorresse um aumento de 220% no volume e de 300% em valor dos vinhos importados. Esta tendência também beneficiou o produtor brasileiro de vinhos finos.

A crise mundial afetou as exportações e alguns importadores, mas parece que tudo volta a entrar num ritmo normal. A Vinexpo que começa dia 21 em Bordeaux e reúne a nata dos produtores mundiais e com enorme presença dos produtores do Languedoc Roussillon, terá um expressivo número de importadores brasileiros presentes. Destaque para Casa Flora, Casa do Porto, Zona Sul, Cantu, Fasano e Santa Luzia. Afinal, o consumidor brasileiro começa a se voltar para a qualidade e a diversidade. Neste quesito o Velho Mundo ganha de goleada.

7.6.09

Beba vinho e viva mais cinco anos


Beber até meia taça de vinho por dia pode aumentar sua expectativa de vida em cinco anos. É o que afirma estudo científico realizado pela universidade holandesa de Wageningen e publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, um jornal especializado. Bebendo outro tipo de álcool, como cerveja, por exemplo, o aumento da expectativa de vida é de 2,5 anos. O vinho oferece uma expectativa de vida duas vezes maior. Lembre-se a dose é de meio copo por dia, acima disto a expectativa diminui. O estudo não levou em conta a cor do vinho.
O papo é sério. A pesquisa levou quatro décadas, começou em 1960 e terminou em 2000. O grupo analisado foi de 1400 pessoas. Foram levados em consideração peso, hábitos alimentares, tabagismo e origem social. A conclusão aponta que o consumo de vinho contribui para evitar principalmente doenças coronarianas e cerebrovasculares.

3.6.09

Degustação de vinhos do Sul da França é sucesso em Salvador


Laurent Mingaud enólogo de Aimery e este blogueiro no Trapiche Adelaide em Salvador.

Foi muito boa a receptividade do público baiano aos vinhos do Languedoc Roussillon, em Salvador, no evento da Adega Tio Sam, que se realizou no Trapiche Adelaide dias 1 e é de junho. Profissionais e amadores ficaram encantados com o espumante da Aimery e com seus varietais tranquilos. O Corbières Les Deux Rives teve amplo sucesso. Os vinhos tinham preço que oscilavam entre 29 a 54 reais para o consumidor. O destaque francês ficou por conta do Pinot Noir Vicomte de Coussergue. Uma agradável surpresa para os enófilos que esperavam um preço mais salgado. Os vinhos foram degustados em avant première e chegam ao Brasil em final de julho.

28.5.09

Brasileiro aprova o Vin de Pays. Vendas aumentam.

Os Vin de Pays do Languedoc Roussillon, maior vinhedo do mundo, responsável por 33% de todo o vinho francês, de 20% dos seus AOC e de 70% de seus Vin de Pays. Este é notadamente de varietais ou de duas castas, aumentam seus espaços nas gôndolas e prateleiras brasileiras. Num cenário global em que a França em 2008 aumentou suas vendas em valor e diminuiu ligeiramente em volume os vin de Pays vão na contra-mão, cresceram.

Vinhos fáceis de beber e de se entender. O nome das uvas vem escrito no rótulo, o que facilita a vida do consumidor brasileiro habituado a comprar vinho de casta, o varietal.

Um crescimento de 4% em volume dos Vin de Pays do Sul da França quando o conjunto francês recuou de 27379hl para 24662 hl em 2008. Os VDP (não confundir com vin de table) atingiram 5578 hl.

Lembro que Vin de Pays não é classificação exclusiva de vinhos baratos. Mas de Daumas Gassac e Cuvée Mythique são vinhos antológicos e ambos vin de pays, o primeiro do departamento do Hérault e outro d’Oc, a classificação mais alta e rígida dos Vin de Pays. Ambos já receberam excelentes notas de Parker, Jancis Robinson, Guide Hachette,...

Claro, Vin de pays, normalmente é um vinho do dia a dia. Como são bons os vinhos do dia a dia, como são conviviais, como são companheiros de grandes momentos entre amigos.

Se estes vinhos cresceram é por que chegaram nos últimos anos ao Brasil vinhos de qualidade, adaptados ao paladar brasileiro, sem renunciar a sua autenticidade. Hoje nos oferecem prazeres diferentes dos que estávamos habituados, notadamente os de Chile e Argentina.

Ouse. Deguste um vin de pays de excelente qualidade ou simplesmente inicie-se no mundo dos vinhos por esta bela porta de entrada que são os vinhos do Languedoc Roussillon. Descubra novas uvas, novos sabores e o estilo Mediterrâneo de beber vinho.

Aproveito para pinçar um comentário do craque Philippe Faure-Brac sobre os vinhos do Languedoc Roussillon: -“O novo é o Languedoc Roussillon, isso é extremamente importante. Porque o Brasil é um país que tem um olhar sobre o futuro, é a novidade que se encaixa nesta perspectiva. É um vinho de boa relação qualidade preço, com grande volume de produção... há uma grande variedade de castas, uma grande diversidade de gostos, um amplo espectro de preços. É um bom caminho para aprender sobre vinhos”.

17.5.09

Abaixo de cem pratas


Esse papo de dizer que vinho francês tem de ser caro é coisa do passado. A turma acordou. Primeiro foi a Provence, em seguida o Languedoc Roussillon (Sul da França) e agora Bordeaux. Em breve será a Borgonha. Champagne, representada pelas grandes marcas, vai muito bem, obrigada. O Brasil voltou a ser prioridade lá fora. Vai se levantar da crise antes dos americanos e europeus, se é que caiu. A vice ministra francesa do Comércio Exterior, na Expovinis, disse que a França pretende ter 10% do mercado. Vai ter de arregaçar as mangas, ainda falta dobrar de volume.
Abaixo de 100 reais tem vinho de Bordeaux bom como os já citados e vou defendê-los. Esse papo de “entry level”, ou se preferir “cœur de marché” ou vinhos para os que se iniciam, tem um papel fundamental na educação do paladar. Quem tem hábito de chileno e ficou fazendo esta escolha nos últimos anos limitou sua evolução gustativa, escolheu como porta de entrada no mundo dos vinhos uma escola menor, que prima pelos artifícios industriais, especialmente nos vinhos mais acessíveis. Chegaria ao limite de dizer que o cachimbo, neste caso, deixou a boca do enófilo torta.
Se quero educar meu paladar e me iniciar nos vinhos com um orçamento limitado, como qualquer um que estuda, devo começar pelos clássicos, no caso pelas escolas tradicionais, a saber, França, Itália, Portugal e Espanha, em resumo, o Velho Mundo. Depois, só depois, irei ao Novo Mundo. Neste, por puro nacionalismo, vou primeiro de Brasil.
Com os clássicos bebo na fonte. Tenho a base para minha evolução e não preciso me restringir a uma só região, posso descobrir denominações, castas e terroirs que me farão viajar por estilos e abordagens distintas do vinho. Num aprendizado enriquecedor e diversificado.
No Velho Mundo não tem essa de ficar repetindo o mesmo bom vinho eternamente. Passeie na gôndola e pegue um vinho de Mâcon (Borgonha), um Saint Amour (Beaujolais), um Sancerre (Loire), um Fitou (Languedoc), um Grave ( Bordeaux) e descubra a diversidade, a elegância, a raça e a expressão da vinicultura francesa. Fique tranqüilo todos podem ser encontrados por menos de 100 reais.

Convido cada importador, representante ou simples consumidor que se encantou com um bom vinho europeu que diga qual foi seu vinho MUITO BOM, escala ABS, que custou menos de 100 reais.
Vou a atirar a primeira pedra como manda a Lei e mais algumas pra não dizer que conheço apenas um, a exceção, que comprova a regra.
Espumante: Bulle de Blanquette Nº1 da Sieur d’Arques no Duty Free por 16 US$, Crémant de Limoux Cuvée 1531brut da Aimery no Zona Sul, 38 reais, AOC Corbières Château Ribaute Cuvée François le Noir uns 80 reais, Bordeaux Château Grand Rivallon Saint Emilion Grand Cru102 reais, Cuvée Mythique Vdp d’OC branco na casa dos 60 reais, Château Etienne de Lauzes cuvée Yneka AOC Saint Chinian 100 reais, e muito mais.

24.4.09

A elegância do vinho



Outro dia entrevistei Olivier Poussier, melhor sommelier do mundo em 2000. Ele comentava, nas entrelinhas, o estilo do vinho francês que prima pelo equilíbrio da acidez com o álcool, delicadeza, precisão, em resumo, elegância. Palavras marcantes.

Em Limoux, no Languedoc, Poussier encontrou nos vinhos do terroir de Haute Valée toda a característica de um grande chardonnay francês. Onde tensão e expressão mineral se mostram plenamente. E não uma caricatura desta uva como existem tantas pelo mundo a fora.

Poussier é também o consultor de Lenôtre e Air France e foi voando que vi sua mais recente carta da business class. Desta vez o chardonnay da carta não era o de Limoux, mas o Saint-Véran do Château de Fuissé 2006, de JJ Vincent. Este borgonha é um retrato fiel de sua preferência. Frescor, fruta, mineralidade, untuosidade, equilíbrio, tudo de forma muito precisa.

Quando escolheu o tinto de Pessac- Léognan do Château Brown 2004 de Y. Mau, a mesma filosofia se transportou para Bordeaux. Este tinha um nariz expressivo e generoso, na boca redondo, aveludado, macio.e longo. Elegante.

O vinho elegante é companheiro ideal da boa mesa e da boa companhia. No céu ou na terra.