29.5.07

Os ventos Tramontana, Marin e o vinhedo no Sul da França


O quadro Printemps de Corbières, de Mariza Rebouças, faz imaginar a força dos ventos.


Neste final de semana tivemos no Sul da França, mas não somente aqui, ventos que chegaram a atingir 130 km por hora. O que me inspirou a escrever sobre o vento e a uva.
No Languedoc Roussillon o vento exerce um papel muito importante, pois está presente 260 dias por ano, em média. Nesta região ensolarada, de inverno brando e baixa pluviometria o vento é um ator maior no cultivo da vinha.
Existem dois ventos que sopram por aqui o Marin (marinho) que vem do mar como diz o nome e o Tramontana, que do outro lado do Maciço Central, é chamado Mistral, o vento que vem do norte. A ação destes ventos faz com que a freqüencia de tratamentos contra as doenças que atacam o vinhedo sejam até dez vezes menores do que em regiões mais ao norte. Explico. Após a chuva na primavera o surgimento de poças d'água e a umidade no vinhedo criam condições propícias ao desenvolvimento de cogumelos. O Tramontana é um vento seco e forte que seca o vinhedo inibindo muitas vezes o desenvolvimento do míldio e do oídio, as duas principais ameaças no Sul da França. O Marin, no verão, atua como um atenuante do calor evitando o estresse hídrico, pois é um vento que traz a umidade e o frescor para esta que é a região do mais longo verão francês.
Se o vento incomoda e chega mesmo a assustar pela sua força e constância fique sabendo que para o viticultor é uma dádiva da natureza.