30.12.09

Balanço e perspectivas de final de ano

Na ilustração o mapa do vinhedo orgânico (bio) da França.

O ano de 2009 acaba e deixa para trás muitas lembranças ruins para o mundo do vinho. A continuação da crise com consequente queda dos preços na produção, diminuição da quantidade de propriedades vitícolas, menor superfície plantada e diminuição da renda do agricultor. Desta vez mesmo os Grand Cru de Bordeaux e a Champagne, dois ícones do triunfo da viticultura francesa, sentiram o baque. Resultado foi queda do consumo e preços em baixa.
Apesar da crise e sem sermos muito otimistas alguns momentos de 2009 nos deram sinais bastante positivos.
As vendas dos dois maiores leilões de vinhos da França Hospices de Beaune, Borgonha, e Toques et clochers, Limoux, foram bem superiores a 2008, o que é um bom sinal para o ano que se aproxima. O interesse pelo vinho na França e no mundo não diminuiu como pudemos ver em Vinexpo e de forma ainda mais forte no recente Wine Futur Rioja, na Espanha. As inscrições para Vinisud em fevereiro, em Montpellier, estão de vento em popa e há muito os hotéis estão lotados.
O crescimento da viticultura sustentada (raisonée) e orgânica seguem firmes e são uma tendência dominante. Uma terra mais limpa se avizinha.
Como sempre os que foram mais criativos, perseverantes e ousados conseguiram driblar a crise, conquistar novos mercados e por que não dizer crescer.

As vendas natalinas estão firmes. No Brasil seguem bastante aquecidas graças a um câmbio correto. O ano que chega tem tudo para ser maravilhoso. Feliz “millésime” 2010 para você.

24.12.09

Feliz Natal


A todo os leitores do Blog desejo um Feliz Natal e espero que a colheita de 2010 seja repleta de alegrias e felicidades. Saúde e Santé para todos.
Em 2010 o Blog promete fazer muito mais. Aguardem as novidades.
Rogerio

9.12.09

Entrevista com Philippe Faure-Brac e Olivier Poussier


Na foto do topo Philippe Faure-Brac durante degustação de Toques et Clochers e na outra Olivier Poussier descerra a palca da carreira de vinhas que leva seu nome em Limoux, no Château de Flandry.

Durante o XX leilão de vinhos de Toques e Clochers em Limoux, Sul da França, em abril, entrevistei os dois maiores sommeliers franceses: Olivier Poussier, melhor sommelier do mundo em 2000, e Philippe Faure-Brac, conhecido como Monsieur Rio por ter sido campeão no mundial de sommellerie do Rio de Janeiro em 1992. Poussier presta consultoria para grandes marcas como Champagne Jacquesson, grupo Accord, Vin du Monde, que traz vinhos da Miolo, e Lenôtre. Faure-Brac, proprietário do Bistrot do Sommelier em Paris, foi o sommelier da Air France até 2005, é diretor do Instituto Nacional das Denominações de Origem, INAO, tem sete livros publicados, além de ser sócio de um vinhedo no Gard, Sul da França. Por estarmos no evento mais importante do Languedoc Roussillon, o maior vinhedo do mundo, o assunto foi o vinho do Sul da França, que tem aumentado sua presença no Brasil e no mundo.
Rogerio Rebouças - Qual sua opinião sobre a evolução do vinhedo do Languedoc Roussillon?

Olivier Poussier – Ela é no geral positiva. Se olharmos bem, há trinta anos os vinhos daqui eram majoritariamente produzidos por cooperativas que o faziam num estilo clássico sulista, na expressão da fruta, carnudos e ricos. Onde faltava um pouco de delicadeza. Há vinte anos começaram a fazer vinhos mais civilizados com envelhecimento em barricas, vinhos com mais extração, mais ricos e mais densos, mas ainda pouco apetitosos. Podemos perceber que nos últimos 10 anos o Languedoc busca fazer vinhos com aromas e sabores típicos do Languedoc , do Mediterrâneo, buscam extrair texturas que são mais em mais equilibradas, vinhos maduros sem ter alto teor de álcool . E como? Trabalhando sob a massa foliar e sobre a maturidade da uva. As pessoas do Sul da França começam a compreender que fazer um vinho concentrado e elegante não é necessariamente fazer um vinho com 15,5 graus, mas um vinho com bom teor de álcool, suculento na expressão de sua fruta. Eu creio que a evolução dos dez últimos anos mostra que vários produtores mudaram completamente de filosofia. Eles fazem vinhos bem maduros, com menos concentração, menos madeira e muito mais digestíveis em termos de equilíbrio. Essa é a evolução positiva do Languedoc.

Philippe Faure-Brac – Deve-se dizer que em vinte anos houve uma grande evolução, terminou-se um período em que se fazia, principalmente, vinho de consumo corrente, onde a quantidade de vinho de mesa (vin de table) ou vinho regional (vin de pays) era muito importante. Hoje temos vinhos regionais que fizeram um grande progresso com novas castas, novas técnicas e abordagens da leitura do terroir e, sobretudo, das denominações de origem, sejam as antigas que evoluíram bem, sejam as novas que se criaram, como aqui em Limoux. O nível de qualidade não parou de aumentar nos últimos 20 anos.

Rogerio Rebouças -Como você vê os vinhos da Cooperativa Aimery/Sieur d’Arques e de Limoux em relação aos demais vinhos do Languedoc?

Olivier Poussier - O que me interessa sobre tudo nos vinhos de Sieur d’Arques e nos vinhos da denominação Limoux ,onde esta se situa, é que Sieur d’Arques/Aimery valorizou todos os vinhos de Limoux com Toques e Clochers. O chardonnay é uma uva que é muita conhecida no mundo, é uma casta internacional, isto é, ela é muito caricaturada. Existem países que fazem bem e outros que a vulgarizam fazendo com ela as mais fracas das suas expressões. Em Limoux, se olharmos bem em relação ao resto do Sul da França, onde se faz vinhos muito comuns, varietais, que exprimem o lado amanteigado, untuoso, mas muito simples em termos de expressão. Em Limoux o que é interessante é que se ganha em expressão mineral. O chardonnay precisa de precisão, de equilíbrio. Em Limoux o território que prefiro é o do Haute Vallée , com altitudes de 300 a 400 metros, onde temos imediatamente tensão e mineralidade e sobretudo equilíbrio da acidez com o álcool, que faz com que tenhamos vinhos que são muito franceses no equilíbrio. Normalmente no Mediterrâneo a chardonnay sofre com o calor e vai dar um vinho generoso e untuoso, mas vai faltar um pouco de delicadeza. Limoux demonstra bem que para fazer um grande branco no Sul da França ele tem de estar sub-exposto ao sol ou em altitude para compensar o calor.
Philippe Faure-Brac - Eu conheço bem os vinhos de Limoux, pois estive aqui há vinte anos no I Leilão de Toques e Clochers. Pude ver de perto o progresso da qualidade, uma melhor definição dos terroirs – hoje são quatro Haute Valée, o Autan, o Oceânico – e a motivação dos produtores para fazer algo de bom. Podemos ter uma denominação onde 2 ou 3 produtores trabalham bem, mas a grande força de Limoux é que eles conseguiram se unir neste esforço qualitativo, que existe há vinte anos, para fazer crescer o conjunto da denominação. Acho que pra os XX anos esta é uma bela recompensa.

Rogerio Rebouças - No Brasil temos muitos vinhos do Chile e da Argentina. Você acredita que os vinhos do Sul da França podem ter um lugar de destaque no mercado brasileiro?
Olivier Poussier - Claro, certamente. Acabei de fazer uma reportagem sobre a Argentina, para a Revue de Vin de France, onde fiquei agradavelmente surpreso com alguns territórios históricos de Mendonza, onde se consegue fazer com a Malbec vinhos maduros e com frescor, o que não é uma coisa fácil de encontrar em toda a Argentina. Os vinhos do Languedoc têm o seu lugar com certeza, estamos falando de um universo de vinhos sulistas, com sol, generosos, por que o Languedoc não penetraria no mercado brasileiro? Sim, ele penetrará.

Philippe Faure-Brac – Eu acho que tem lugar para os vinhos do Languedoc em muitos mercados do mundo. Eu penso que em países da América Latina, como o Brasil, isso é interessante, pois temos história e o Brasil é muito sensível a este argumento, sem falar da qualidade do vinho que é evidente. O consumidor maduro brasileiro busca este tipo de qualidade, e acho que há também a novidade do Languedoc Roussillon. Este não é um vinhedo antigo, claro que há a história Antiga, mas o que quero dizer é sobre a modernidade. O novo é o Languedoc Roussillon, isso é extremamente importante. Porque o Brasil é um país que tem um olhar sobre o futuro, é a novidade que se encaixa nesta perspectiva. É um vinho de boa relação qualidade preço, com grande volume de produção, eu creio que existe um lugar importante para o vinho do Languedoc, notadamente no Brasil.

Rogerio Rebouças – Para o leitor que pretende se iniciar no mundo do vinho o Sul da França é uma boa porta de entrada?

Philippe Faure-Brac – Sim, pois há uma grande variedade de castas, uma grande diversidade de gostos, um amplo espectro de preços. É um bom caminho para aprender sobre vinhos. Mas se ele quer realmente aprender deve vir me ver no Bistrot du Sommelier, 97 boulevard Haussman, em Paris. (risos)

17.11.09

25 anos do Guide Hachette de Vinhos


Este ano o Guide Hachette comemora seus 25 anos de sucesso. Hoje são 10 mil vinhos presentes no Guia, contra 5 mil na primeira edição. Além dos vinhos franceses são também avaliados os da Suíça e de Luxemburgo. Este ano a novidade são os cognacs e armagnacs.
As degustações são feitas às cegas e o júri é formado por especialistas, críticos e produtores. Não é apenas uma única boca que dita as regras do jogo, mas um grupo de paladar diferente que vem de todas as regiões produtoras. Portanto, as escolhas são democráticas e consensuais, e a margem de erro menor do que se fosse de apenas um único crítico.
A fórmula do sucesso inclui também uma apresentação clara e intuitiva de cada vinho, sob a forma de uma ficha comentada. Vale visitar o site (http://www.hachette-vins.com/)e pesquisar os guias anteriores. O que permite traçar um histórico do produtor e perceber se este mantém sua qualidade ao longo dos anos. O que podemos chamar de um valor seguro.
Para importador, consumidor, especialista ou jornalista é sempre uma fonte confiável de informação. Mas lembre-se nada substitui a sua degustação. Um bom exercício é comparar sua análise com a do Guia.

4.11.09

Chrono Viti, o Sedex do vinho


Chronopost, o Sedex do correio francês, acaba de criar um serviço de entrega mundial especializado em vinhos, o Chrono Viti. Na França a entrega é no dia seguinte até as 10 da manhã para profissionais e para os demais até as 13 horas. A embalagem se chama Vitibox e é 100% reciclável, atendendo ao conceito de ecologicamente correto, muito em voga no por aqui. Justíssimo. Existem caixas para 1, 3 ou seis garrafas de 750ml.

O novo serviço está também disponível a nível internacional com prazo de entrega de 1 a 4 dias. ChronoViti oferece uma equipe para facilitar o desembaraço nas alfândegas de todo o mundo. Espero que consigam sucesso na alfândega brasileira, que normalmente inviabiliza as importações devido ao seu alto custo.

14.10.09

Festival Sud de France na TV


Bela reportagem do SBT sobre o Festival Sud de France no Rio de Janeiro.

11.10.09

Ganhe uma viagem à França e mais 19 prêmios

Clique na foto e participe do Concurso. Tem viagem, brunch, aula, fim de semana em Búzios, caixas de vinhos para você ganhar e um super kit Perrier.

9.10.09

Tintos e espumantes dominam concurso ABS Sud de France


O júri reunido com a presença também de Eleodie Le Dréan , de chapéu e do prefeito de Limoux,
Jean Paul Dupré atrás dela.


O II concurso ABS Sud de France premiou com seis medalhas de ouro, nove de prata e dez de bronze os vinhos espumantes, brancos, tintos e rosados da região Languedoc Roussillon nas categorias absoluto e custo/benefício. Levaram ouro na categoria absoluto os vinhos Mas de Solleilla La Clape "Les Bartelles" 2004 da Casa do Vinho de Belo Horizonte, Château Mourgues du Gres Capitelles 2006 da Nova Fazendinha, Crémant de Limoux Rosé Grande Cuvée 1531 Aimery do Zona Sul, a Bulle Nº1 de Crémant Rosé de Sieur d'Arques da Winery, Domaine La Grave Merlot 2007 vin de pays de Hauts de Badens da In Vino. O branco Chardonnay vin de pays d'Oc da Aimery 2008 Sieur d'Arques do Zona Sul recebeu a medalha de ouro de custo benefício.
O Júri foi presidido por Euclides Penedo Borges presidente da ABS e coordenado por Paulo Decat contou com Ricardo Farias, Luiz Malzone, Fernando Miranda, João Fontes, Joseph Morgan e Maria Helena Tauhata. Da seletiva dos vinhos tintos realizada pela manhã participaram também Trane Gamboa e Maria Lucília Farias.
Segundo Maria Lucília todos os vinhos estavam em bom nível, mesmo os que não chegaram na grande final que se realizou à tarde. Nenhum foi eliminado por defeito. O objetivo era classificar segundo critérios de qualidade técnica e auferir três níveis de medalha de 80, a 84 pontos medalha de bronze, de 85 a 89 medalha de prata e acima desta nota medalha de ouro.
Segundo os jurados o nível foi bem mais alto do que no ano anterior e os grandes destaques foram para os tintos e espumantes. Os brancos e rosés receberam medalhas de prata e bronze.
Enquanto o júri concluía suas escolhas, na sala vermelha do restaurante Le Pré Catelan, acontecia na clarabóia do Sofitel uma ampla degustação de vinhos do Sul da França onde 150 pessoas descobriam vinhos das importadoras Vitis Vinífera, Decanter, In Vino, Zona Sul, Barrinhas, Reloco, Cave Jado, Winery e Nunes Martins. Drinks Perrier um bufê de queijos e frios e outro de massas foram servidos durante o evento que foi um grande sucesso.


ABS Rio - Concurso Sud France - outubro de 2009
Medalha Categoria Vinho
1 Ouro Espumante Crémant de Limoux Rosé Grande Cuvée 1531 Aimery
2 Ouro Espumante Bulle de Crémant Rosé n. 1 Sieur d'Arques
3 Ouro Tinto Mas du Soleilla La Clape "Les Bartelles" 2004 Coteaux du Languedoc
4 Ouro Tinto Château Mourgues du Gres Capitelles 2006
5 Ouro Tinto Domaine La Grave Merlot 2007 vdp Hauts de Badens
6 Ouro Custo/benefício branco Chardonnay Aimery 2008 Sieur d'Arques
1 Prata Espumante Cremant de Limoux Blanc Grande Cuvée 1531 Aimery
2 Prata Branco Domaine La Bastide Viognier 2007
3 Prata Rosado Château Mourgues de Gres Les Gallets Rosés 2007 Costieres de Nimes
4 Prata Tinto Château La Bastide Eidos 2006 Corbières
5 Prata Tinto Château La Grave Expression 2007 Minervois
6 Prata Tinto Domaine La Bastide Douce Folie 2005 vdp Hauterive
7 Prata Tinto Château La Bastide Corbières 2006
8 Prata Custo/benefício tinto Domaine La Bastide Douce Folie 2005 vdp Hauterive
9 Prata Custo/benefício espumante blanc Blanquette de Limoux Cuvée Imperiale Aimery
1 Bronze Espumante Bulle de Blanquette n. 1 Brut Sieur d'Arques
2 Bronze Espumante Blanquette de Limoux Cuvée Imperiale Aimery
3 Bronze Branco Toques et Clochers Autan 2007 Sieur d'Arques
4 Bronze Branco Chardonnay Aimery 2008 Sieur d'Arques
5 Bronze Rosado Château Rouquette sur Mer La Clape "Cuvée Adagio" 2008
6 Bronze Tinto Cuvée Mytique Reserve 2005 Corbières
7 Bronze Tinto Vicomte de Coussergue Pinot Noir 2005 vdp d'Oc
8 Bronze Tinto L'Ostal Cazes 2004 Minervois La Livinière
9 Bronze Tinto Domaine Monplezy Felicité 2005 VdP Côtes de Thongues
10 Bronze Tinto Domaine Aimé Cuvée Feuille d'Automne 2002


6.10.09



O II Concurso ABS Sud de France, principal evento do III Festival Sud de France, teve casa cheia muitos vinhos do Languedoc, queijos e massas. Duas medalhas de ouro se destacaram a do tinto Mas de Solleilla e a dos de espumantes da Sieur d'Arques/Aimery. O público animado ficou feliz com a qualidade dos vinhos e do evento. Nota 10 para a ABS e Sud de France na organização.

Roux, Reserva, Crepe de Paris e Santa Madalena se juntam ao Festival

Creme catalão do Crepe de Paris também está no menu Sud de France

Mais 4 restaurantes franceses aderiram ao III Festival Sud de France. Parece aquela corrente pra frente e toda a "francesada" se dá a mão. É o ano da França no Brasil que contagia e anima. No Santa Madalena tem picanha de cordeiro e ratatouille. No Crepe de Paris o dono é do Languedoc, do departamento de Lozére, bem no interior mesmo e trouxe um menu bastante típico. Tem sopa de peixe,Rouille de Séte, e também preparou o crépe du Larzac, uma homenagem à sua terra natal, com queijo de cabra e tapenade, pasta de azeitona. No Roux tem um carré de leitão. Não deixem de conferir a harmonização com vinhos do Languedoc nestes restaurantes.

Roux Bistrô restaurante - SP- Al. Ministro Rocha Azevedo, 1101 - J. Paulista
Bistrô Crepe de Paris - SP - Rua Augusta, 2542 - Jardins
Santa Madalena - SP - Rua Santa Madalena, 27 - Bela Vista
Reserva Bistrô - SP - Av. Paulista, 900. Térreo Baixo - Bela Vista

3.10.09

Wine Games - Começou o Festival Sud de France


Os jogos e palestras aconteceram no Fogo de Chão de BH com a ABS e na sede da SBAV MG, na foto de baixo os palestrantes e na do alto os alunos.

O Festival Sud de France começou nesta sexta feira. Vinhos em promoção, degustações, menus harmonizados, concurso para ir à França e palestras. Em Belo Horizonte 2 palestras tiveram como destaque os "wine games", animadas brincadeiras que levam ao aperfeiçoamento dos conhecimentos sobre vinhos. Os jogos são realizados durante a palestra e o enófilo tem pequenos desafios com os olhos vendados. Ao acertar a resposta o particpante ganha um brinde do Sul da França. Os palestrantes de BH foram o enólogo Laurent Mingaud da Aimery Sieur d'Arques e Rogerio Rebouças, consultor e jornalista. No Rio e em São Paulo também participará o enólogo Alain Gayda, ex-presidente da União de Enólogos da França. Venha participar na ABS Rio dia 6 às 15 horas ou na SBAV São Paulo dia 7 às 17 horas.
Os endereços:
ABS Rio - Praia do Flamengo, 66 Bloco B Sala 311 - Flamengo
Telefone (21)2285-0497
SBAV São Paulo - Alameda Gabriel Monteiro da Silva 2586 - São Paulo Tel: 3814-7905

Restaurantes franceses dão show no Festival Sud de France


Em São Paulo o Le Bouchon preparou um grande menu Sud de France com entradas, pratos principais e sobremesas. Destaco a salada Sétoise, preparada ao estilo da cidade portuária conhecida por seu porto de pesca e o escalope ao molho de vinho tinto do château de Villatade da denominação de origem Minervois, indicado para a harmonização com o prato principal. A sobremesa é uma deliciosa tartelette de damasco com calda de morango, saiba que o damasco e o morango são duas frutas típicas do Roussillon, grande produtor francês de frutas.

Outro que foi fundo na homenagem ao Sul da França foi o Chez Fabrice que preparou um menu completo do Languedoc que tem como uma das entradas o paté de Béziers que acompnha uma saladinha verde, e o mais famoso dos paratos da região o cassoulet, uma feijoada feita de feijão branco e pato "confit" e linguiça. No Rio de Janeiro quem quiser comer um verdadeiro cassoulet de Castelnaudary deve ir ao Salitre e a harmonização será com Délicatesse de Charles Cros, um AOC Corbières, 2003, envelhecido em barris de carvalho que está no seu apogeu, se apresentando na boca aveludado, persistente, com aromas de frutas maduras e compota, elegante e complexo.

Outras boas opções em São Paulo são o Casinha de Monet que oferece vinhos do Languedoc em taça e como entrada um vol au vent de aspargos, legume que é muito plantado na região. O Café Journal preparou um tournedor com molho de vinho tinto dos Corbières.

No Rio uma boa opção é a clássica Confeitaria Colombo que no seu buffet incluiu alguns pratos do Sul da França e seus vinhos. Destaque para a tapenade, uma pasta de azeitonas, ideal como tira gosto ou entrada, cassoulet, frango à moda da catalunha, rabada à gardienne e como sobremesa o creme brulé. Nota dez. Estão também participando o Traiteur de France de Copacabana, Garcia e Rodrigues do Leblon, 66 Bistrô do Jardim Botânico, Enotria do Casa Shopping, Le Vin de Ipanema, Churrascaria Palace de Copacabana e a churrascaria Fogo de Chão de SP e BH, afinal francês também faz churrasco. Em Búzios a referência é o Chez Françoise na pousada La Borie na praia de Gravatás.

Aonde ir:


Le Vin Bistrô -SP Rua Armando Penteado, 25 - Higienópolis
Le Vin Bistrô -SP Alameda Tietê 184 - Jardins
Le Vin Bistrô - SP Rua Pais de Araújo 137, Itaim
Le Vin Bistrô - RJ Rua Barão daTorre, 490 - Ipanema
Enotria Bistro Casa Shopping - RJ Av. Ayrton Senna, 2.150 – lj 104 – Bloco G - Barra
Garcia e Rodrigues - RJ - Av. Ataulfo de Paiva 1251 - Leblon
Traiteur de France - RJ - Av. Nossa Senhora de Copacabana, 386 - Copacabana
Salitre - RJ Avenida das Américas, 4666, lj 145/146, Boulevard Gourmet Barrashopping
Fogo de Chão - Churrascaria - SP Av. Moreira Guimarães 964 - Moema
Fogo de Chão - Churrascaria - SP Av. Sto. Amaro 6824- Santo Amaro
Fogo de Chão - Churrascaria - SP Av. dos Bandeirantes 538 - Vila Olímpia
Fogo de Chão - Churrascaria - BH Rua Sergipe 1208 - Savassi
Norte Grill - Churrascaria - SP Rua Frei Caneca, 569 - Shopping Frei Caneca
La Cigale - Restaurante - RJ Rua Aristides Espinola, 88- Leblon
La Borie - Pousada - Búzios - RJ Rua dos Gravatás, 1374 -Praia de Geribá - Buzios
Le Pré-Catelan - Hotel Sofitel - SP Av. Atlântica, 4.240 Rio de Janeiro
P. Verger - Hotel Sofitel - SP Rua Sena Madureira 1355 Bloco 1 , Ibirapuera
Le Bouchon - SP Rua Afonso Brás, 369 - Vila Nova Conceição
João de Barro - RJ Rua Visc de Inhaúma nº113 - Centro
New Garden - restaurante - RJ Rua Visc de Pirajá nº631 B - Ipanema
Bistrô 66 - restaurante - RJ Rua Alexandre Ferreira, 66 - Jardim Botânico
Tai Tai Indochine - RJ Rua das Casuarinas, nº 70 - Itaipava
Café Journal - SP Alameda dos Anapurus, 1121 - Moema
Casinha de Monet - SP R. Francisco Leitão, 713 - Pinheiros
Confeitaria Colombo - RJ R. Gonçalves Dias, 32 - Centro
Churrascaria Palace - RJ R. Rodolfo Dantas, 16 - Copacabana

30.9.09

Pousada la Borie mostra seu menu


A Pousada La Borie de Búzios, Praia de Geribá, preparou um menu Mediterrâneo utilizando o que de melhor o mar de Búzios oferece. Polvo, Robalo e Camarão preparados ao estilo do Languedoc . Com seus vinhos e destilado de uvas, marc du Languedoc. Na beira da praia, à luz de velas, a brisa do Atlântico e a cozinha do Mediterrâneo. Que harmonia.

O Chez Françoise, o restaurante da Pousada La Borie, tem por hábito receber grandes chefs franceses e preparou este menu pra o Festival Sud de France. Amuse bouche consomê de tomate, entrada Polvo ao Mediterrâneo, prato principal robalo em crosta de camarão e seu molho, flambado com aguardente fino do Languedoc e como sobremesa sopa de figos frescos e mousse de limão ao vinho de Corbières.

26.9.09

Os vinhos do Languedoc Roussillon


Os vinhos do Sul da França vêm conquistando seu espaço no Brasil. É um caminho longo, mas acredito que em breve o Languedoc Roussillon será líder entre os franceses em volume e com um bom preço médio. Explico. Nos últimos 30 anos a região passou por uma grande transformação qualitativa, porém a história começa bem antes.

Na antiguidade romana os vinhos do Languedoc haviam conquistado o Mediterrâneo e mesmo Roma, fato declamado por Plínio, o velho. Este sucesso vai provocar a ira dos produtores romanos e a publicação de um decreto do imperador Domiciano, ordenando que fossem arrancadas metade das vinhas da região. O decreto nunca foi cumprido e as cepas ficaram. Após as invasões bárbaras e a queda do Império há o declínio da viticultura que vai voltar na idade média pelas mãos de monges e abades. Na abadia beneditina de Saint Hilaire, em Limoux, vai nascer em 1531 o primeiro espumante do mundo. D.Pérignon, beneditino, vai conhecer a Blanquette de Limoux durante uma peregrinação e em seguida desenvolver a champagne. Isto é, mais de 100 anos depois do brut de Limoux conforme reconhece o INAO, o organismo oficial dos AOCs da França. No supermercado Zona Sul você encontrará o Crémant de Limoux, método tradicional e no site Bom Vinho a Blanquette de Limoux métodos Ancestral, aquele da idade média e o tradicional ou champenoise. No século XVIII vamos ter vinhos da região exportados para todo a Europa e mesmo para as Américas.

Vai ser a partir da era industrial que a região vai se enriquecer. O consumo de vinho na França chega a 100 litros por pessoa, mas lembre-se nesta época o vinho fazia em média apenas 9 graus. É neste momento que a região descobre o filão do vinho barato e de fácil consumo. Os vinhedos se mudam para as planícies, mais produtivas que permitem um maior rendimento, uvas como a aramond, extremamente produtivas, são introduzidas. Grandes volumes inundam a França e a Europa. A região se enriquece, palacetes e grandes mansões são construídas, até que em 1950 este consumo começa a mudar e se dirigir a um vinho de melhor qualidade. O declínio leva à crise de um modelo exausto. Os produtores tomam consciência e a vanguarda começa, ainda nos anos 70, a trocar a aramond por uvas nobres como a syrah, merlot, cabernet e chardonnay. Os vinhedos saem da planície e voltam para as encostas. O rendimento despenca de mais de 120hl/ha para conservadores 45hl/ha. As técnicas de condução e vinificação atingem o estado da arte nos anos 90.

O resultado é que em 1998, ano de uma boa safra, os vinhos do Languedoc Roussillon ganham todas as recomendações dos críticos. Um vin de Pays d’Oc, o Cuvée Mythique vai ultrapassar a fatídica barreira dos 90 pontos de Robert Parker, que separa os muito bons dos excelentes, e receberá do crítico americano a nota 92. É a primeira vez que um vin de pays, vinho regional, atingirá esta marca. O vin de pays é em geral o vinho bom do dia a dia e os grandes vinhos são normalmente os AOC, denominação de origem controlada. Na verdade o rigor da legislação AOC, que limita o uso de certas castas em determinada região, obriga o produtor que deseja usar outra uva que a determinada por decreto, para aquela região a ser classificado como vin de pays. É verdade que o vin de pays pode ter um rendimento maior que o AOC, mas isto não é obrigatório.

De 98 aos dias de hoje Robert Parker, Jancin Robinson e as revistas especializadas, Wine Spectator, Decanter e a Revue du Vin de France e mesmo grandes jornais como Le Figaro tem chamado o consumidor a descobrir esta região. Afinal, seus vinhos são bons e de melhor preço por serem menos notórios. A denominação de origem Corbières, a maior do Languedoc, é a 10ª mais conhecida na França hoje, segundo diversas pesquisas, e no Brasil é o AOC com maior presença. Se o Languedoc responde por 1/3 de todo o vinho francês e 20% dos AOCs é normal que queira ter um papel de liderança no Brasil. Seus vinhos por terem economia de escala, lembre-se este é o maior vinhedo contínuo do mundo, estão conseguindo disputar com chilenos e argentinos em todas as faixas de preço. No segmento abaixo de 30 reais vamos ter vinhos bons a partir de R$18 em supermercados de todo o Brasil. Estes podem ser pontuados na faixa de 80 pontos. Num segmento entre 30 e 70 reais vamos encontrar vinhos muito bons. Acima deste patamar os excelentes. Vale dizer que o vinho do dia a dia na França ou no Brasil são o do primeiro segmento, mais em conta. Os outros são para momentos especiais.

Para aumentar as vendas no Brasil Sud de France, a marca guarda-chuva dos vinhos do Languedoc Roussillon, vem realizando há três anos no Brasil ações para aumentar a notoriedade dos seus vinhos. Seja apoiando promoções em supermercados, seja treinando profissionais, sommeliers, seja realizando o Festival Sud de France. Idéia que nasceu no Brasil e que hoje é realidade em Londres, Xangai, Cidade do México e Nova Iorque. A idéia de ter um embaixador, como o chef Roland Villard já foi copiada na Coréia do Sul e no México. A novidade agora é a criação do Club Sud France, a “patota” do Embaixador que vai ajudar a criar uma rede viral, um buchicho de craques que vão fazer a Região ficar mais conhecida. No Brasil o seleto grupo vai contar com os chefes franceses Jean Yves Poirey do Othon, Olivier Cozan do XX e os radicados em SP Pascal Valero do Kaa, Patrick Ferry do P.Verger, os especialistas em vinho Dânio Braga, presidente da ABS Brasil, Euclides Penedo Borges, presidente da ABS-Rio, e do craque de vôlei Nalbert que tem um pé na França. Até o final do ano o Club surgirá na França e deverá ter nomes como Olivier Poussier e Philippe Faure-Brac, melhores sommeliers do mundo.

Num ano em que a França recuou 11% em volume e cresceu 9% em valor os Vin de Pays d’Oc conseguiram crescer nos dois itens. Acho importante ganhar mercado para habituar o paladar brasileiro a um vinho mais elegante, com mais personalidade, rusticidade, autenticidade e menos madeira. Afinal, nos últimos vinte anos o brasileiro bebeu muito mais vinhos do Chile e Argentina do que os do Velho Mundo. O que com certeza modificou o hábito do consumidor brasileiro atual se comparado ao consumidor dos anos 80.

Os vinhos da França habitualmente possuem maior valor unitário do que os vinhos do Novo Mundo e mesmo do que italianos e portugueses. O que normalmente os posiciona no topo da pirâmide de consumo, restringindo o acesso. Os vinhos do Languedoc começam a mudar isto e democratizam o estilo francês de fazer vinho tornando-os acessíveis a um público maior. Via a democracia.