21.12.07

Previsões para 2008

Caros internautas vamos consultar nossa bola de cristal e fazer nossas previsões para 2008, o ano cuja soma dos seus algarismos é igual a 10. Nota máxima. Vamos ter a chegada de grandes vinhos de Bordeaux de 2005, a millésime 10. Previsão infalível. Vamos ter o aumento dos preços dos brancos e não será de pouco não. Vejam vocês qua a Austrália grande produtora desta cor está importando horrores. Um aumento da importação de brancos de 35%, apenas até fim de outubro, totalizou 209 milhões de euros. Motivo a seca que segue assolando o país e que vai se agravar em 2008. O valor total de vinhos estrangeiros a serem adquiridos vai pular para 128 milhões de euros entre 2009 e 2010 e o consumo de vinho australiano cairá de 476 para 390 milhões de litros. Que queda.
Ainda falando de Novo Mundo a safra 2008 da África do Sul vai ser manter estável em relação a do ano precendente. Se não ajuda pelo menos não atrapalha.
Já as matérias secas, tudo que não é vinho, tem aumentado bastante sobretudo as garrafas, escassas e mais caras sofrerão ainda mais nas mãos do monopólio da Saint Gobain. O transporte devido ao aumento do custo do petróleo nem se fala. Junte-se a isto uma inflação européia de 2,6% e a força do euro. Felizmente no Brasil temos a força do Real que contrabalança esta valorização do euro frente ao dólar eoutras moedas.
Mas voltemos às boas notícias de 2008. O vinhos do Sul da França vão chegar com mais força no Brasil. Com excelente relação qualidade preço e falo aqui não apenas em vinhos baratinhos e bons, mas de grandes vinhos com preços muito atrativos. São vinhos que mesmo oscilando entre 86 e 92 pontos tem seus preços entre 35 e 80 reais. Os do dia a dia ficam entre 78 e 82 pontos, mas não chegam a 35 reais. Os espumantes entre 80 e 90 pontos vão de 35 a 70 reais. Bem em conta.
São vinhos do tamanho do bolso do brasileiro e com autenticidade. Vale descobrir cada château, cada domaine, cada varietal pois são todos diferentes. Cada um exprime seu terroir de forma diferente. Seja pelo clima, pela geologia, pelas castas, pelas mãos do produtor ou pela história que carrega em cada grão de terra e em cada descendente que segue produzindo uvas a várias gerações naquela que é a mais antiga região produtora da França, o Languedoc.

Ultima previsão: A rota dos vinhos do Sul da França vai ser lançada com muito sucesso e Narbonne sediará um curso de enologia para brasileiros em 2008. Afinal, Papai Noel existe.

Feliz Natal, um Próspero Ano Novo, muita saúde e ótimos vinhos.



P.S.: Voltamos no dia 3 de janeiro após merecido repouso na Toscana.

20.12.07

Aumentam a venda e os preços dos vinhos na França

Segundo a última análise de conjuntura de Viniflhor, Ofício National Interprofissional que regula a produção dos vinhos de mesa e regionais, o aumento do preço dos vinhos brancos de mesa (vin de table), aumentaram de 29% e os vinhos regionais (vin de pays) de 19% na venda em cisternas. Também se percebe um aumento do preço dos tintos e rosados.
As vendas de AOC Bourgogne tintos, bordeaux brancos, rosados da Provence e os vinhos do Languedoc-Roussilon como um todo, estão em forte progressão em relação à campanha 2006/2007. Junte-se a isto a alta das chamadas matérias secas, como as garrafas, d uns 10% e vamos todos ver os preços subirem em 2008.

19.12.07

Os melhores brut segundo a revista alemã Stern. Aimey Cuvée 1531 é sexta colocada




Foi publicar no Blog e receber o resultado da degustação às cegas de espumantes e champagnes da revista Stern, da Alemanha. Realizada no dia 22 de outubro no Clube Anglo Alemão de Hamburgo a degustação reuniu 300 espumantes e champagnes vendidos regularmente na Áustria, Suíça e Alemanha. No júri sommeliers, enólogos, produtores, distribuidores, jornalistas especializados sendo um de Champagne. O Júri adotou como critério o padrão internacional da União de Enólogos para que o resultado pudesse ser parametrizado. Como vocês sabem transparência, qualidade, perlage, harmonia, intensidade...
Uma de nossas barbadas de ontem, a Crémant de Limoux cuvée 1531 Brut, emplacou o sexto lugar com 87,33 pontos na frente de Paul Roger, Veuve Clicquot, Duval-Le Roy, Jacquard, Charles Heidsieck, Nicolas Feuillatte e outras grandes Champagnes, Sekts, Spumantes, Franciacortas, Cavas e outros bruts. Em primeiro lugar no ranking aparece a Joseph Perrier Cuvée Royale 1998, safrada, seguida de Ruinart (rosé), Gosset Grande Réserve, Bollinger Special Cuvée Brut e Lallier Rosé brut. Com exceção da Lallier que custa lá 33 euros as demais estão entre 50 e 41 euros. A Crémant de Limoux custa apenas 9 euros! E no Zona Sul R$ 36,80 o equivalente a 14,20 €. Preço bem competitivo para a Terra Brasilis e sua ganância fiscal. A versão rosé atingiu 79,83 pontos. Com preço indicativo de 10€ no supermercado Zona Sul também a 36,80. Ambas também estão à venda no supermercado Super Nosso de Belo Horizonte. Aproveite mais esta barbada do Sul da França.

18.12.07

Barbadas borbulhantes no supermercado Zona Sul


Chegou ao supermercado Zona Sul a Crémant de Limoux Cuvée 1531 rosé, da Aimery-Sieur d'Arques. Novidade na França e no Brasil neste Natal. É o primeiro rosé desta que é tida como a melhor cooperativa da França pela maioria dos enólogos e sommeliers franceses.
O preço é muito competitivo, R$ 36,80 no encarte, é vinho para mais de 87 pontos. Deguste e me diga qual sua pontuação. A versão brut está com o mesmo preço e mereceu uma estrela em 2007 no Guide Hachette. No guia deste ano a Aimery/Sieur d'Arques não apenas teve um recorde de crémants e blanquettes selecionadas, nada menos que 7. Sendo 6 com uma estrela e 1 com duas estrelas e "coup de coeur" com direito a reprodução da etiqueta. Explico. Esta premiação mostra a relação custo benefício dos melhores da denominação de origem. Foi a única crémant a realizar o feito.
Outra barbada no Zona Sul é a champagne Alfred Gratien 160 reais, com 90 pontos na Wine Spectator, eleita a melhor Champagne não safrada da França pela Revue des Vins de France em maio e este mês pela revista Le Point. Deixando longe marcas badaladas como Möet Chandon, Mumm, Pommery e Veuve Clicquot. Não é pouco não. Esta é boa mesmo; pois é a primeira vez que falo de um vinho que não é do Languedoc. Santé.

17.12.07

O método de condução e a seca. Ou irrigar ou não irrigar?

Vinhedo do Château Notre Dame du Quatourze, Coteaux de Languedoc Quatourze conduzido sem irrigação.

O vinhedo australiano está baseado na irrigação gota a gota, o que faz com que as raízes das vinhas sejam menos profundas do que nos vinhedos franceses. Explico. A videira não tem necessidade de ir buscar água no lençol freático, devido à irrigação constante, quando ocorre a seca ela não está capacitada a buscar água no lençol freático mais profundo porque sua raiz está mais próxima da superfície. A escassez de água torna a irrigação difícil e onerosa.
O método utilizado para os vinhos de denominação de origem no Sul da França não permitem a irrigação gota a gota e normalmente nenhum tipo de irrigação. O objetivo é a preservação da característica clima do terroir. Claro que esta decisão cria problemas como a irregularidade da produção e da qualidade da uva em função da pluviosidade. Um dos fatores climáticos que vão caracterizar o terroir. Por outro lado a planta habituada a buscar a água em solo profundo tem suas raízes a dezenas de metros de profundidade. O que a torna mais apta a resistir à seca.
O que se discute entre um método e outro é um controle maior sobre a natureza e por conseqüência sobre o resultado da colheita. Nesta escolha há muitas variáveis em jogo dentre elas a regularidade da produção e da qualidade. Mas as mudanças climáticas acabam de inserir a sobrevivência de centenas de produtores australianos nesta equação.

14.12.07

A equação clima, seca, millésime e preços do vinho.


Já havíamos comentado aqui no Blog que o preço dos vinhos ia subir em 2008 devido a problemas climáticos e a quebras de safra. O cenário na Austrália, grande produtor de vinhos brancos, segue catastrófico, com uma seca que não acaba. Responsável por uma quebra de 30% na safra de 2007 o que influi num aumento imediato dos vinhos brancos varietais franceses, notadamente no Languedoc responsável por 60% da produção.
Outro aspecto interessante é que em 2007 foi um ano pequeno para a millésime de brancos na Borgonha o resultado se refletiu imediatamente no Leilão deste ano dos Hospices de Beaune que caiu de 6,5% em valor em relação ao ano anterior. Por outro lado os tintos se apresentaram bem melhor e os preços subiram 37,8% contra uma previsão de alta de 15%!
2007 foi um ano excelente no Languedoc-Roussillon em relação à qualidade dos vinhos, o que resultou numa imediata diminuição do volume produzido devido às questões climáticas, ataques de míldio e oídio e da "arrachage", retirada de pés de videiras só podemos aguardar um aumento dos preços e da qualidade. O que não quer dizer que estes aumentos venham a ser repassados ao consumidor. Isto devido a valorização do Real. A conferir.

13.12.07

Toques e Clochers II


O leilão é de barris que comportam 300 garrafas. Cada vilarejo da denominação de origem Limoux pode participar com no máximo dois barris. A disputa para produzir os vinhos do leilão de Toques e Clochers começa na seleção do produtor e de sua parcela. Os selecionados têm um acompanhamento rigoroso e o rendimento do hectare cai de 45 hl para 30hl a fim de aumentar a concentração e as qualidades organolépticas dos vinhos afirma Alain Gayda, diretor geral. Tanto em Wine Spectator como em R.Parker nossos barris do leilão superam a marca dos 90 pontos.
O Leião é também um grande evento que faz conhecer melhor esta denominação de origem, a cidade de Limoux e seu entorno, onde encontraremos a abadia de Saint Hilaire berço do primeiro brut do mundo em 1531.
Limitado a 1000 participantes Toques et Clochers terá, pela primeira vez, uma mesa de brasileiros criteriosamente selecionados por este blogueiro. Serão importadores, consultores e jornalistas que estarão presentes descobrindo este grande evento do Languedoc e seus vinhos.
O primeiro chef a presidir Toques et Clochers foi Pierre Troisgros há 19 anos, que estará de volta, com seus filhos em 2009, dentre eles o "brasileiríssimo" Claude do Bistrô 66.

Este é um evento do qual toda a cidade participa, inclusive o arcebispo de Carcassonne afinal, parte dos recursos é utilizada para a restauração dos campanários das centenárias igrejas de Limoux. Outra curiosidade é que o Carnaval de Limoux é o mais longo do mundo com duração de 90 dias.

11.12.07

Entrevista de Rogerio Rebouças na Rádio France Internacional

Ontem dei entrevista na RFI, Rádio France Internacional que é retransmitida em dezenas de rádios brasileiras como a CBN e MEC. Estou falando do menu de Natal típico do Languedoc, sobre os espumantes de Limoux e dos bons vinhos do Sul da França. Ouça aqui.

Os chefs Juan-Mari e Elena Arzak vão presidir o XIX Toques et Clochers


O XIX leilão de Toques et Clochers, o segundo maior leilão de vinhos da França, será realizado na cidade de Limoux, Languedoc, nos dias 15 e 16 de março de 2008. Os chefs que presidirão esta edição serão Juan-Mari e sua filha Elena Arzak de San Sébastian, Espanha, fundadores da nova cozinha basca. Juan Mari é triplamente estrelado pelo Guia Michelin e seu restaurante, o Arzak em San Sebastien, País Basco espanhol, foi escolhido como um top 10 mundial pela revista inglesa Restaurant Magazine. Tido por muitos como o maior chef da Espanha Juan-Mari e Elena vão suceder na presidência de Toques et Clochers, Jonnie Boer do De Librije, da Holanda. O primeiro chef a presidir este prestigiado evento foi Pierre Troisgros.
O que é Toques e Clochers
Toques et Clochers é uma iniciativa da cooperativa Sieur d'Arques-Aimery, a melhor da França, este é hoje o segundo maior leilão de vinhos da França, sendo superado em arrecadação apenas pelo dos Hospices de Beaune, na Borgonha. Tal qual naquela denominação partes dos recursos são utilizados para fins beneficentes. Em Limoux o objetivo é a restauração dos campanários das igrejas históricas da região, daí o nome Clochers.

Cada evento de Toques et Clochers é capitaneado por um chef 3 estrelas do Guia Michelin. Como Toque é o nome do chapéu utilizado pelos chefs de cozinha e como estes chefs são carinhosamente chamados, vai aí uma homenagem à gastronomia e sua eterna aliança com o vinho. Continua amanhã mais esta saga do Sul da França.

10.12.07

VINISUD 2008 - A grande feira de vinhos do Mediterrâneo


VINISUD a segunda maior feira de vinhos da França vai acontecer de 18 a 20 de fevereiro de 2008, em Montpellier, no Languedoc, Sul da França. Será o local ideal para descobrir os vinhos do Mediterrâneo num ambiente profissional e agradável. Serão 1760 expositores da França e de diversos países.
A principal característica do evento é o espaço geográfico dos vinhos apresentados. O foco são os vinhos do Mediterrâneo. As principais regiões francesas presentes serão o Languedoc-Roussillon, Provença, Vale do Rhône, Sudoeste e Córsega. Além de Portugal, Espanha, Itália, Tunísia, Israel, Marrocos, Argélia, Grécia, Líbano, além de alguns países do leste europeu. É como um clube da Luluzinha onde Bordeaux e Borgonha não entram.
Esta grande concentração de produtores do Mediterrâneo, inclusive muitos pequenos, permite descobrir tendências e novidades. Degustações, negócios, conferências, palestras, exposições e lançamentos serão a tônica desta feira que reunirá 35 mil visitantes profissionais, sendo 18% estrangeiros, de 86 nacionalidades diferentes.
Se algum veículo precisar de um repórter no local pode contar com este jornalista. Estarei presente todos os dias do evento recebendo alguns brasileiros e mostrando alguns dos bons vinhos do Languedoc-Roussilon.

7.12.07

A origem do aroma floral nas castas aromáticas - parte II

O outro ângulo abordado no estudo foi o papel das leveduras no que concerne aos componentes aromáticos. É bem verdade que ela é incapaz de sintetizar aqueles compostos, mas é sabido que as leveduras comerciais têm um papel na valorização do potencial dos terpenóis aromáticos nos bagos da uva.
Estes componentes aromáticos estão presentes de forma livre ou combinados aos glucídeos, na gewurztraminer a essência do geraniol está presente sob forma glicosada, sem odor no mosto da uva, será na fermentação e na maturação do vinho que os aromas irão se desenvolver. Algumas leveduras específicas podem ter um papel relevante no aumento da concentração de geraniol e do linalol segundo os estudos de Francis Karst e Marc Fischer Université Louis Pasteur/INRA.

6.12.07

A origem do aroma floral nas castas aromáticas

A degustação de vinhos brancos aromáticos teve como conseqüência a definição de suas características enquanto aromas florais. A questão da tradução da especificidade de cada cepa em termos de análise sensorial útil ao degustador e em termos bioquímicos compreensível para os cientistas levou a estudos que se iniciaram no Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica, INRA, em 1980.
Foi então determinado que aromas florais típicos de certos vinhos como o gewurztraminer é em parte devido a forte presença, 0,2mg/l, de um monotepernol chamado geraniol enquanto que o muscat, um dos vinhos ícones do Sul da França, contém 0,3 a 0,5mg/l da mesma substância e 0,4 a 0,5 de outro monotepernol o linalol.
A questão é que apenas algumas castas sintetizam em quantidades apreciáveis estes compostos de carbono. O fazem graças a uma enzima da família da terpena sintetizadora.
Entender a origem dos aromas nos leva a bioquímica ou se preferirem à química dos carbonos. É por causa da capacidade de síntese desta enzima, que vai ser encontrada em doses muito maiores no manjericão, que a muscat e a gewurztraminer são as castas mais aromáticas. Amanhã falamos das leveduras e seu papel na definição dos compostos aromáticos.
Baseado na pesquisa realizada por Francis Karst e Marc Fischer Université Louis Pasteur/INRA.

4.12.07

Degustando amostras "brut de cuve" nos Corbières


Estive na última semana na Cave de Rocbère, em Portel des Corbières, no Languedoc. Participei de uma degustação de umas quinze amostras de vinhos (brut de cuve) da safra 2007 da vinícola. Eram das castas carignan e grenache duas das mais importantes para se produzir um bom Corbières. Estavam presentes o diretor geral Henri Forgues, o enólogo e o gerente da adega. Um exercício interessante, pois o brut de cuve é um vinho que não está pronto, que ainda vai ser assemblado e dará origem ao vinho final. É neste momento que se define o corte. Sabíamos que as uvas chegaram à cooperativa em excelente estado fenológico e sanitário, mas até ela se tornar vinho há uma boa distância a ser percorrida. Que agradável surpresa a millésime 2007 algumas das amostras faziam crer que o vinho estava pronto para beber. Podem esperar ansiosos, pois os tintos de 2007 no Corbières e o Grand Opéra em particular serão excepcionais como foram na colheita de 1998. Um grande ano para o Sul da França.