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11.6.07

Languedoc-Roussillon - o maior vinhedo do Mundo - Parte III


O clima é uma dádiva que permite ao Languedoc-Roussillon ser o maior vinhedo do mundo. O mais longo verão da França, a baixa pluviosidade do Mediterrâneo, que muitas vezes beira o stress hídrico e os ventos formam um conjunto de fatores que favorecem enormemente o cultivo da vinha. Berço de castas autóctones como a cinsault, clairette, piquepoul, auban e syrah. O longo verão permite que certas uvas se desenvolvam e atinjam sua maturidade ótima como a syrah, grenache, carignan, mourvèdre, todas de origem espanhola. Dizem os antigos que a mourvèdre precisa ver o mar para atingir sua plenitude. Não é a toa que Bandol, do outro lado do Rhône, fez sua fama.
Os ventos do norte Tramontana, Cers ou Mistral, como preferir, tem importante atuação no combate a proliferação de fungos, pois sua força diminui a higrometria tornando as condições de desenvolvimento do mildio e do oidio mais difíceis. Estas são juntamente com a Inflavescência dourada as grandes doenças que atacam o vinhedo do Mediterrâneo. O que faz com que os tratamentos daqui sejam até dez vezes menores que no norte da França. Quase um vinho bio. Os ventos marinhos aliviam a falta d'água no verão diminuindo o stress hídrico, notadamente nos vinhedos mais próximos do mar como no Coteaux du Languedoc, Côtes de Roussillon Villages, Pic Poul de Pinet, Banyuls e nas porções marítimas do Fitou e Corbières.
Como nada no mundo é perfeito o vento do leste tem um papel desastroso para a região. Quando atinge com força o Sul da França, o que ocorre em intervalos longos, catástrofes climáticas provocam grandes estragos como foram as grandes inundações de 1999. Cidades alagadas, milhares de casas inundadas, mortes, prejuízos e mesmo pontes romanas do Fitou, que estavam intactas e em uso há mais de dois mil anos foram destruídas.
Continua.

29.5.07

Os ventos Tramontana, Marin e o vinhedo no Sul da França


O quadro Printemps de Corbières, de Mariza Rebouças, faz imaginar a força dos ventos.


Neste final de semana tivemos no Sul da França, mas não somente aqui, ventos que chegaram a atingir 130 km por hora. O que me inspirou a escrever sobre o vento e a uva.
No Languedoc Roussillon o vento exerce um papel muito importante, pois está presente 260 dias por ano, em média. Nesta região ensolarada, de inverno brando e baixa pluviometria o vento é um ator maior no cultivo da vinha.
Existem dois ventos que sopram por aqui o Marin (marinho) que vem do mar como diz o nome e o Tramontana, que do outro lado do Maciço Central, é chamado Mistral, o vento que vem do norte. A ação destes ventos faz com que a freqüencia de tratamentos contra as doenças que atacam o vinhedo sejam até dez vezes menores do que em regiões mais ao norte. Explico. Após a chuva na primavera o surgimento de poças d'água e a umidade no vinhedo criam condições propícias ao desenvolvimento de cogumelos. O Tramontana é um vento seco e forte que seca o vinhedo inibindo muitas vezes o desenvolvimento do míldio e do oídio, as duas principais ameaças no Sul da França. O Marin, no verão, atua como um atenuante do calor evitando o estresse hídrico, pois é um vento que traz a umidade e o frescor para esta que é a região do mais longo verão francês.
Se o vento incomoda e chega mesmo a assustar pela sua força e constância fique sabendo que para o viticultor é uma dádiva da natureza.