31.5.07
Languedoc-Roussillon, o maior vinhedo do mundo - parte II
Legenda: A melhor expresão da riqueza do Sul da França é a maison de maître , construção que caracteriza este período de prosperidade que se inicia após a crise da Philoxera em Bordeaux e termina nos anos 50, tendo como casta de referência a produtiva e resistente aramon.
Os vinhos do Languedoc que fizeram sucesso na Roma antiga, como nos atestou Tito Lívio em sua República, não tinham nos anos 50 a qualidade que o consumidor iria desejar nos anos seguintes. A queda vertiginosa do consumo do vinho de mesa provocará uma mudança de mentalidade no viticultor. Em 1956 o francês consumia 100 litros por ano de “vin de table”, em 1970 este volume era de 75 litros e hoje é de 50 litros. Se antes o objetivo era produzir mais volume a um menor custo agora a busca é pela qualidade.
Deixava-se de plantar nas áreas planas e voltava-se a privilegiar as encostas. Em 1948 havia apenas uma região demarcada no Sul da França, Fitou. Em 1950 o Corbières torna-se um VDQS, Vinho de Qualidade Superior, degrau que antecede ao AOC, Denominação Controlada. Mas será nos anos 70 que este processo de busca pela qualidade assumirá a condição de uma nova postura por parte da maioria dos produtores em direção a um vinho de excelência que começa a ser reconhecido internacionalmente.
A aramom teve seu replantio interditado e foi substituída por novas castas como a grenache. Foram plantadas também castas mais nobres como chardonnay, cabernet sauvignon, merlot, sauvignon e tivemos a volta da syrah, e de outras castas do mediterrâneo como mourvèdre e cinsault. A carignan que ao lado da aramon dominava os vinhedos viu sua participação se restringir a regiões de encostas e solo pobre, onde conduzida de forma a render pouco traz estrutura, cor e longevidade ao vinho.
A diversidade de castas presentes no Languedoc não se encontra em nenhum outro vinhedo francês. Apesar de todas as restrições de cultivo que a legislação impõe aos vinhos de Denominação de Origem temos aqui uma região também privilegiada no que concerne ao número de castas permitidas. Privilegiada sim, pois as diversas assemblagens permitem uma busca por um vinho melhor e mais adaptado a cada “terroir”. Na Borgonha, por exemplo, o produtor está restrito a Pinot Noir para os tintos e a Chardonnay para os brancos, não havendo portanto corte.
São 30 as castas utilizadas no Sul da França. As principais são carignan, 21%, grenache 16%, syrah, 15%, merlot, 9%, e chardonnay 4%. Nenhuma outra das 25 castas atinge mais de 4%.
Dentre as outras 25 podemos destacar para tintos e rosés a cinsault, vermentino, terret noir, mourvèdre, famosa em Bandol e para os brancos, roussanne, bourboulenc, marssanne e viognier. Para brancos doces muscat à petit grains e muscat de Alexandria. Para a blanquette de Limoux mauzac e chenin.
Cada uva colabora à sua maneira para que se faça um bom vinho. A grenache dá calor, participa na formação dos aromas, mas se oxida facilmente com o tempo, a syrah traz taninos e aromas que evoluem ao longo dos anos, a mourvèdre oferece vinhos de guarda e elegantes, virtude bastante na moda e apreciada. A cinsault, cultivada em terrenos pobres, dá vinhos macios e agradavelmente frutados participando de forma importante no corte dos rosés.
Continua...
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2 comentários:
Rogerio
Legal os franceses estarem bebendo menos vinho, sobra mais pra nós.
Abração,
Nirlando
Sobra sim, mas tem de beber. Quantos litros você tomou no ultimo ano?
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