10.3.08

Cortando os vinhos


O curso Enologia Aplicação Profissional vai mostrar como se faz o vinho, quando colher, as fermentações, a conservação... mas uma das coisas que sempre me encanta é o momento de fazer a assemblagem e de provar os brutos diretamente das cubas. É neste momento que o toque final do vigneron ou do enólogo vai fazer a diferença. A busca do vinho que lembre o do ano anterior, guardando assim sua identidade, mas também que exprima o terroir e as castas que compõe o vinhoe o esplendor da safra de 2007.
Quem participar do curso vai poder ver de perto como todo o trabalho do vinho é feito. Seja em pequenas caves de pequenos proprietários independentes seja uma grande estrutura empresarial. Em todas com muito carinho e cuidados para produzir belos vinhos.
As inscrições seguem abertas na Tornaviagem. Estarei lá traduzindo as aulas e colaborando com o grupo nestas aulas no Sul da França.

8.3.08

Chais Beaucairois mudou de nome

O grupo do departamento do Gard, Languedoc, mudou sua denominação comercial para Montcigale, marca do seu vinho rosé mais vendido. Filial de Marie Brizard o grupo do Sul da França comercializa sob esta marca 2 milhões de garrafas em diferentes denominações de origem. No Brasil estão presentes com vinhos de primeiro preço como o Petit Sommelier no Pão de Açúcar.

4.3.08

Mytique é sucesso na SBAV BH

Em recente degustação na SBAV-Belo Horizonte, organizada pela importadora carioca Reloco, alguns dos vinhos da linha Mytique do sul da França e a champagnes Nicolas Feuillate foram avaliados. A degustação teve 22 participantes sendo 16 sócios.
O destaque absoluto da noite foi o Corbières Reserve Cuvée Mythique tinto 2004 que atingiu uma mediana de 92 pontos e foi escolhido como o melhor por 19 participantes. O segundo colocado da noite foi a champagne Nicolas Feuillate Brut Blanc des Blans com 90 pontos. O Sul da França fez bonito novamente. Detalhe a safra 2005 que chega a tempo da Expovinis está ainda melhor.

2.3.08

Arte e vinho na sua mesa


Lembra do barril de chopp pequenino de 5 litros que podemos comprar em supermercados? Bem o Château Puech-Haut está lançando em maio deste ano, na França,o Bag em Barril. Situado perto de Montpellier, em Saint-Drézéry, tendo 180 ha de vinhedo, Puech-haut inova lançando um bag in box que fica dentro de um barril de metal decorado com pintura de artistas famosos. O investimento é de 3 milhões de euros. As pinturas originais podem ser vistas no próprio château.
O barril pode ser de um ou dois vinhos diferentes. Nos supermercados os barris serão de vinhos regionais, Vin de Pays, e nas lojas especializadas AOC Languedoc, a nova grande denominação de origem do Sul da França.

29.2.08

Concurso Geral Agrícola de Paris vale mais que Parker para consumidor francês


As medalhas do Concurso Geral Agrícola de Paris, CGA, são as mais disputadas pelos viticultores e agricultores franceses. Desde 1870 este busca premiar os melhores produtos franceses seja vinho ou outro alimento. Organizado anualmente pelo Ministério da Agricultura é a mais cobiçada recompensa para o produtor.
A cada ano durante o Salão da Agricultura em Paris 3400 jurados representando todas as partes envolvidas no circuito do vinho, isto é, produtores, distribuidores, técnicos, enólogos, comerciantes, sommeliers e enófilos selecionam, julgam e elegem os melhores vinhos de cada região de produção. É um acontecimento nacional de grande repercussão e sua abertura é sempre feita pelo Presidente da República. Um enxame de políticos circula durante o evento. Vale lembrar ao leitor que a França é um país agrícola e que sua população mora em sua grande maioria em pequenas cidades com menos de 100 mil habitantes. Se fôssemos traçar um paralelo com o Brasil seria como Minas Gerais e suas centenas de municípios.
A tradição e a importância de ser reconhecido por todo o circuito do vinho conferem à medalha seja ouro, prata ou mesmo de bronze um prestígio e uma vantagem no momento da escolha do produto por parte do consumidor. Vale lembrar que o mercado do vinho francês é o primeiro mercado do produtor local. Dentro do Hexágono R. Parker, Wine Advocate, Decanter, Wine Spectator, Jancis Robinson e outras referências anglófonas possuem um peso muito menor do que o do CGA e outros importantes concursos como Macon, Orange e mesmo de concursos regionais. Outra grande referência local é o prestigiado Guide Hachette.
Dos vinhos que me lembro estão no Brasil ou a caminho levaram medalhas de ouro os Domaine Cazes e seu Côte de Roussillon orgânico, Rocbère com seu Corbières Thésaurus, Gerard Bertrand com o Corbières Hait Saint Georges, Cellier Charles Cros com Arpége rosé, Cellier Saint Damien com Domaines Serres tinto envelhecido em barris de carvalho, Cooperativa de Berlou com Château des Albières Saint Chinian Berlou e Rouquette sur Mer com seu rosé La Bergerie de La Clape e Sieur d'Arques com três brancos Toques et Clochers, duas Blanquettes e duas Crémant. Um grande vencedor com certeza. Pode ser que falte alguém nesse caso minhas desculpas e, por favor, me avise.

27.2.08

O berço do Brut e Dom Pérignon



Muitos ainda acreditam que foi Dom Perignon (1639-1715) quem criou o vinho espumante, o brut. Ledo engano. As primeiras bolhas foram produzidas por abades beneditinos sim, mas não na região de Champagne. É no vilarejo de Saint Hilaire, a poucos quilômetros de Limoux, Sul da França, onde nascerá o primeiro brut do mundo.
Os beneditinos antes de construírem a abadia procuraram determinar qual seria o melhor local para a plantação das vinhas e em seguida escolheram um local imponente, de destaque, para construir sua igreja como manda a tradição da Ordem. Saint Hilaire tem uma grande importância para a história da cidade de Limoux. Esta sempre teve atuação de destaque seja na economia local seja no plano espiritual.
A visita da abadia nos permite descobrir que a capela original é do século V, mas o monastério data do século VIII e a igreja abacial foi construída entre 1147 e 1150 num plano bastante simples com nave central de três espaços entre duas vigas com coro e abside. A abóbada é mais tardia datando de 1198 e 1199. O claustro é posterior de mais de um século. Vê-se também um tabuleiro de xadrez esculpido sobre a arca e também belos afrescos. A casa abacial tem um teto com pinturas do século XVI. Acredito que o maior destaque seja o sarcófago em mármore branco dos Pirineus esculpido em um só bloco, comtrês faces e que representam a prisão, o martírio e o enterro de Santo Sernin, primeiro bispo de Toulouse, em 250. A obra é atribuída ao mestre de Cabestany e servia de altar principal.


INAO reconhece a anterioridade da Blanquette
No entanto será na rústica galeria oeste onde se situavam a adega, o celeiro e o depósito que a Blanquette de Limoux nascerá em 1531.
Documentos históricos de 1544 atestam que o Sieur d’Arques (Senhor dos Arcos), um poderoso senhor feudal do Razès, comemorava suas vitórias militares com a Blanquette. Limoux vê nascer a Blanquette Ancestral, bebida pouco alcoolizada e suave, que tem uma segunda meia-fermentação na garrafa. Feita de uvas mauzac, chamada na região de blanquette, isto é, branquinha devido a sua cor clara.Será somente duzentos anos depois que Dom Pérignon (1639-1715), também um monge beneditino, responsável pela cave da abadia de Hautvilliers, próxima a Epernay, irá desenvolver o método champenoise, hoje chamado também de tradicional. Seria apenas coincidência o fato de ambos serem da mesma ordem religiosa? O fato é que o INAO organismo francês que regula os vinhos de denominação de origem reconhece a anterioridade da Blanquette de Limoux como o primeiro brut do mundo.

26.2.08

Degustadores do mundo alerta geral




O 32º Challenge internacional do Vinho precisa de 900 jurados para degustar 5000 vinhos de 40 países. Será em Bourg sur Gironde no dia 12 de abril. Aberto a profissionais e enófilos. Acesse www.challengeduvin.com

SYRAH DO MUNDO
Também estão abertas as inscrições para a segunda edição do Concurso Syrah do Mundo organizado pela associação Forum Enologia que será realizado no norte do Rhône no Château d'Ampuis. Um júri internacional escolherá o vencedor. As degustações ocorrerão dias 15 e 16 e o resultado é divulgado dia 19. Mande suas amostras ou inscreva-se como degustador.
Boa sorte.

25.2.08

Coquetel politicamente correto

saida opera comedie
Depois de três horas de comes e bebes no Opera Comedie (ver texto abaixo) os comensais eram brindados na saída do evento com um bafômetro descartável. Solução politicamente correta para lembrar que quem bebe não dirige e quem dirige não bebe. Ainda mais na França onde os policiais ficam à espreita na saída de bares, restaurantes e grandes eventos para controlar o consumo excessivo.

22.2.08

Eventos criativos marcam Vinisud

coquetel opera comedie vinisudNa foto acima uma panorâmica do evento na Opera Comedie, na foto da direita Edith Rebouças, rogerio Rebouças, Marcelo Neffa e Maíra Silva da Dufry, Luciana e Paulo De Marchi da Uniagro.

Dois eventos muito interessantes marcaram a Vinexpo o grande coquetel de confraternização de Sud de France e a Noite da Bulle de Sieur d'Arques. O primeiro foi na Opera Comedie e o segundo na badalada boate Havana Night, ambos em Montpellier. Todos os compradores foram convidados, especialmente aqueles trazidos à França pelos organizadores.

Sud de France, presidida por François Fourrier e tendo como diretor do setor vinho Robert Amalric, realizou um grande coquetel-jantar na Opera Comedie no centro de Montpellier. O local normalmente palco de óperas e peças teatrais recebeu 800 convidados sendo eles compradores, produtores, jornalistas e autoridades locais. O buffet impecável servia foie-gras, ostras de Bouzigues, canapés, mini-cones recheados, doces e muito mais. No prato principal pato ou "biche" (carne de veado) com aligot, purê de batatas com queijo. Os vinhos formavam um grande "panaché" dos melhores tops dos diversos produtores do Languedoc Roussillon presentes à Vinisud. Percebi alguns que já são conhecidos dos brasileiros como Cuvéee Mythique, Étang de Colombes e Crémant Grand Cuvée 1531 Rosé.

Para animar o coquetel uma decoração de Casino foi criada e fichas de jogo foram distribuídas. Mesas de roleta e bacará animavam os corredores próximos à entrada da platéia. Tudo à brinca, mas com muita animação. Claudio Moreira da Barrinhas e Maíra Silva da Dufry quebraram a banca. Pena que não era à vera.


Ao chegar à boate éramos recebidos por diversas recepcionistas que trajavam camiseta e mini-saia negra com o número 1, rosa choque estampado bem grande na frente, fazendo alusão à Bulle Nº1, que no Brasil é vendida nas lojas duty free dos aeroportos. Máquinas de bolhas de sabão distribuídas por toda a boate decoravam o salão com bolhinhas que voavam sobre nossas cabeças. Um casal de dançarinos com longas pernas de pau animava a pista. A rainha da Bulle Nº1 foi apresentada na sacada da boate, acima da pista, pouco antes da meia-noite. Mas foi às 12 badaladas que as recepcionistas deram um show à parte indo para alguns pontos altos da pista e para uma mini-pista na parte superior do bar e começaram a dançar em trajes ousados (foto acima). A pista se incendiou e nem o brut servido a rodo e bem gelado, como manda o figurino, conseguiu apagá-lo. Apenas às 5 da manhã o fogo virou cinza.
Um sucesso.

21.2.08

Degustação sem burocracia na Vinisud.




Caros leitores desculpem a demora, mas no hotel Ibis contratei um serviço de provedor da Orange, a estatal francesa da telecomunicação e este não funcionou com meu computador.
Apenas hoje começo a trazer as novidades do salão. Na foto um grande espaço democrático para degustação. As garrafas ficam expostas abertas para degustação. Basta você pegar o seu copo, escolher uma garrafa e ir provando. Se gostar anote o endereço do stand e vá visitá-lo. Burocracia zero.
O diferencial é que neste caso o degustador é atraído pela garrafa em si, como um cliente numa loja. Quem te conquista é a garrafa sozinha. É ela que te leva a encher o copo e provar. Depois é a vez do vinho. Se ele te encantar corra para o stand. Bela iniciativa.

17.2.08

Vai começar a Vinisud 2008


Começa nesta segunda feira a Vinisud que é o grande entroncamento do primeiro vinhedo do mundo. Nesta 9ª edição deste salão internacional dos vinhos e espirituosos do Mediterrâneo haverá 1663 expositores sendo 1428 franceses do Languedoc-Roussillon, Provence, Vale do Rhône e Sudoeste e 205 outros produtores do Mediterrâneo dentre eles espanhóis, italianos portugueses, tunisianos e marroquinos. Trinta e cinco mil visitantes profissionais : comerciantes, importadores, sommeliers e outros compradores são aguardados.

Além dos stands dos produtores teremos dezenas de debates, conferências e encontros temáticos sobre marketing, exportação, desenvolvimento sustentado, jovens agricultores e muita degustação. Vinisud é o maior encontro econômico do sul da França no segmento vitícola e o segundo da França. A bacia Mediterrânea representa 50% da produção de vinhos do mundo com 125 milhões de hectolitros.
Brasil presente. Já encontrei por aqui Maíra Silva e Marcelo Neffa da Dufry, nossas lojas duty free dos aeroportos, Claudio Moreira da Barrinhas líder em vinhos do Douro no Brasil, Paulo Marchi da importadora gaúcha Uniagro e o carioca Gianni Tartari da paulista Fasano. Outros ainda estão por chegar, mas de pronto garanto que o Brasil está bem representado.
O que esperar de Vinisud em 2008? Novidades de marketing, lançamentos de novos rótulos e apresentação da safra 2007 que como já disse aqui no Blog está excelente.
Amanhã eu conto mais.

15.2.08

Novidades no curso de Enologia no Languedoc, em português


Sócios da ABS que se inscreverem no I curso de Aplicação Profissional em Enologia, no Sul da França, em português para brasileiros, terão 5% de desconto. Até o momento aderiram as ABS Rio e SP. Para quem precisava de um empurrão para tomar a decisão não falta mais nada.
Ontem me reuni com a equipe técnica do Centro de Formação do Aude no Quatourze, em Narbonne e fechamos o cronograma de visitas técnicas.
Estaremos confirmando a agenda em breve mais já posso adiantar que iremos visitar Terra Vinea, cave de envelhecimento com museu do vinho a 80 metros de profundidade, a estrelada vinícola de Sieur d'Arques em Limoux, reconhecida como a melhor cooperativa da França e reputadíssima por seus chardonnay AOC, suas crémants e blanquettes, brut AOC. Além de magníficos châteuax em Notre Dame du Quatourze, Coteaux du Languedoc La Clape, Corbières, Fitou, Roussillon e Banyuls.
Pra semana conto outra surpresa...

14.2.08

Languedoc campeão até no céu


Mais uma prova da força dos vinhos do Languedoc. Desta vez foi o concurso Cellars in The Sky que elegeu o vin de pays d'Oc Domaine de Cigalus Blanc, 2005, de Gerard Bertrand, o melhor branco na classe Business do mundo. O tinto Domaine de Cigalus 2002, Languedoc, ficou com o segundo lugar na categoria Business Class.

Organizado por jornalistas especializados, durante o salão Business Travel Show, estes coleguinhas escolheram os melhores vinhos e cartas servidos no céu. O concurso foi patrocinado pelas revistas Business Traveller e Wine and Spirit. Cigalus é produzido em Bizanet, ao lado de Narbonne, no Sul da França. O vinho é um corte de viognier com chardonnay. Vale citar que a TAM levou duas citações por seus vinhos.

Ai de quem acha que vin de pays é sinônimo de vinho mediano.

13.2.08

A revista bimestral francesa Cuisine et Vins de France apresenta nesta edição de fevereiro-março seu novo projeto editorial. A nova fórmula dá ênfase à harmonização vinho e gastronomia buscando assim se aproximar dos leitores. Uma cozinha mais barata, fácil, bem feita, equilíbrada e nutritiva. Dentre as novidades receitas com no máximo três ingredientes, cardápios "bem-estar", "caderneta natural" apresentando as novidades orgânicas e a do chamado comércio justo, um modismo francês e artigos contando "a saga de um produto mítico".
Do lado do vinho a revista tem três tópicos em destaque: os vinhos, os vinhedos e um prato um vinho. Na seleção os vinhos desta nova edição dois vinhos do Languedoc um vin de pays de l'Hérault e um Coteaux du Languedoc. Vinhos para serem bebidos entre amigos.

Nesta linha sugiro um que é vendido no Brasil pela Nunes Martins (21 21074700) o Tour de Montredon Les Capitelles, AOC Corbières tinto, muito bom e baratinho. Segundo o estrelado chef Roland Villard um "vin de copains" para beber entre amigos, quem frequenta sua casa sabe disso.

Acho legal falar sobre os vinhos menos pretensiosos, representativos da denominação de origem e agradáveis. São os que chamo vinhos dos mortais. Aqueles que conhecemos e bebemos no nosso dia a dia.