31.1.23
Orgânico mostra sua força na 30ª Millésime Bio
O Salão Millésime Bio, a maior feira de vinhos orgânicos do mundo, volta a acontecer depois da epidemia. Esta trigésima edição traz novidades e a ambição de retomar ao patamar da última edição em 2020 quando teve dez mil visitantes. Serão 1500 expositores de 18 países, informa Jeanne Fabre presidente de Millésime Bio. O evento vai acontecer de 30 de Janeiro a 1º de Fevereiro em Montpellier.
Nicolas Richarme, Presidente de Sud Vin Bio, informa que “a produção (francesa) estava em torno de 2,2 milhões de hl nos últimos três anos, e deve se aproximar de 3 milhões de hl este ano, sendo 60% da Occitânia”. A França também se tornou o país com o maior vinhedo orgânico do mundo com 159.868 hectares incluindo 90.298 orgânicos e 69.500 em conversão. Importante notar que eram apenas 13.426 ha em 2001. No seu calcanhar estão os vizinhos que dobraram de tamanho. Espanha que atingiu este ano 142.177 ha e Itália 117.318 ha O vinho representa 20% da Superfície Útil Agrícola (SAU). O hexágono registrou receita de € 1,7 bilhão em 2021, um aumento de 23% em dois anos entre 2019 e 2021 (+9% em 2021). “Em comparação com outros setores em torno de 10%, o vinho parece ser um bom aluno, sublinha Nicolas Richarme. Contido pela falta de volumes, inicialmente privilegiamos o mercado francês, mas hoje, a margem de desenvolvimento está nas exportações, que já cresceram 57,5% em dois anos com um faturamento de 552 milhões de euros. Teremos que lutar internacionalmente para encontrar novos mercados”.Vistra do Salão de vinhos ogânicos Millésime Bio 30ª edição. Foto divulgação.
26.10.18
Faleceu Armando Martini da Casa do Vinho de BH
Armando Martini lutava contra o câncer e faleceu ontem dia 18 de outubro. Ele se vai, mas nos deixa uma longa história em prol dos bons vinhos e belas recordações. Sua família é pioneira em Minas na venda e importação de vinhos. Nos anos 70, época em que dominavam os vinhos de baixa qualidade no Brasil e os bons vinhos nacionais eram capitaneados pelo Château Duvalier, a Casa do Vinho da Famiglia Martini era um oásis em Belo Horizonte. Era lá que meus sogros, que nesta época moravam em Conselheiro Lafayette onde estavam construindo a fábrica da francesa Poclain, iam se abastecer.
Conheci Armando durante os festivais Sud de France que organizei por diversas vezes no Rio, São Paulo e em Belo Horizonte. Nos demos bem. Um dia o convidei para vir participar do leilão de vinhos de Toques e Clochers, da cooperativa Sieur d’Arques em Limoux. Ele aceitou e foi o primeiro importador brasileiro a trazer uma barrica, 300 garrafas dos grandes chardonnays da AOP Limoux. Foi no domingo de Ramos de 2008. Sua escolha recaiu pelo Clocher de La Gardie, do vinhateiro Jacques Sire. Veja o vídeo.
https://youtu.be/dG9luvfuh94
Arthur Azevedo contou como aconteceu o arremate em 2008, na revista Wine Style: - “A boa surpresa estava reservada para o final (do leilão), mais especificamente no lote 113, um chardonnay de Gardie, produzido por Jacques Sire, no terroir Méditerranéen. Degustado pela manhã, destacou-se pelos aromas frutados intensos, com elegantes notas de tostado, textura macia, boa concentração e longa persistência. Foi intensamente disputado e no final, arrematado pelo brasileiro Armando Martini. Curiosa foi a reação da plateia, que ao saber a nacionalidade do lance vencedor, aplaudiu intensamente, vibrando muito.” Era a primeira vez que um brasileiro arrematava um grande branco de Limoux.
Armando Martini logo após arrematar a barrica em Limoux. (foto Arthur Azevedo)
Voltei várias vezes à Casa do Vinho e pude participar de alguns almoços de sábado. Momento de confraternização, amizade e carinho em torno de grandes vinhos. Numa das vezes fui com Laurent Mingaud, na época diretor de exportação da Sieur d’Arques. Armando por suas origens amava a Itália e seus vinhos. Mas também os franceses e especialmente os vinhos de La Clape no Languedoc. Desta pequena denominação, hoje comunal, traz vinhos de dois belos produtores Château Camplazens e Mas de Soleilla. Apesar de vizinhos cada um possui um estilo diferente e Armando soube compreender isto e colocou os dois na sua carta.
Armando com André e Luiza. (foto Facebook)
Conheci os dinâmicos e simpáticos filhos André e Luíza que estão no negócio e que com certeza vão manter altiva a tradição da Famiglia Martini. Armando deixa muitos amigos e saudades. Santé.
Itália segue como maior produtor mundial de vinhos
Apesar da boa colheita de uvas na França o resultado não permite ultrapassar a Itália e recuperar o posto de maior produtor mundial de vinhos em volume. Mesmo com um aumento de 27% em relação a 2017, ano complicadíssimo, a França tem que se contentar com o segundo lugar mundial. A Itália também trabalhou bem e projeta uma safra com mais 15% e 49 milhões de hectolitros no total. A França fica com a marca de 46,7 milhões de hectolitros. Dados estimativos divulgados nesta segunda feira por France Agrimer.
.
O crescimento francês foi prejudicado por algumas circunstâncias climáticas que desencadearam importantes ataques de míldio, fungo que se propaga com a chuva, na bacia do Mediterrâneo. Comparando com a média dos últimos cinco anos o Languedoc Roussillon, o Sudeste (leia-se Provence e Rhône) e a Córsega ficaram abaixo da média. Para os consumidores e importadores fica a certeza de que não vai faltar vinho para abastecer o mercado. Os preços não serão puxados para cima como em 2017, quando a quebra da safra provocou importantes altas. Observando a tabela percebe-se o aumento enorme na produção em algumas regiões como Bordeaux, Champagne e Vale do Loire. Isto se deve à reduzida produção do ano anterior. Bordeaux foi com certeza o mais prejudicado em 2017, conforme contamos aqui no Conexão Francesa na época. Tanto grandes e famosas propriedades como pequenos produtores de Entre-Deux-Mers foram castigados pela mãe natureza. Voltamos a normalidade com uma safra de grande qualidade e boa quantidade. Santé. (Publicado originalmente em http://jblog.com.br/conexaofrancesa)
16.3.12
Basta. Boicote já.
Em diversas análises que fiz ao longo dos dois últimos anos no Conexão Francesa, ou aqui no Vinho sul França, sempre disse que considerava o grande produtor de vinho brasileiro um míope de marketing. Posicionando seus produtos equivocadamente, negligenciando a base da pirâmide e sempre mirando no alto com preços absurdos. Quando os maiores produtores nacionais convenceram o governo a lançar o selo fiscal, tal como existe no uísque, disse que era um tiro no pé. Parece que de fato o tiro foi no pé e agora os mesmos grandes produtores nacionais, não satisfeitos, querem dar um tiro na cabeça. Hoje quando pedem ao Ministério da Comércio e Indústria a aplicação de uma salvaguarda (aumentar o imposto de importação de 27% para 55%) para proteger a indústria do vinho nacional digo: são cegos e mal-intencionados. Ou você acha que a gigante Miolo precisa de proteção? Quem vai pagar esta conta é o consumidor.
Cego é aquele que não quer ver. Percebe o mercado crescendo, percebe que não consegue impor seu vinho medíocre e caríssimo. Se o espumante conseguiu um mercado, que lidera as vendas, é por que é de boa qualidade e tem preço bom. Vende muito mais do que os importados. Se seus tintos e brancos são caros e abaixo da média é por que tem algo errado com eles. Se o custo de produção é alto, peça ao governo apoio, lute por melhores condições. Se acha que encarecendo o importado vai ficar competitivo está muito enganado. Vinho ruim terá sempre uma relação prazer preço desvantajosa. Que melhore sua qualidade e volte a campo em melhores condições. Ou será que alguém paga para ir ao estádio ver jogo de quarta divisão?
Dou consultoria para produtores franceses exportarem para o Brasil mas já tentei, e tento ainda, exportar alguns espumantes de uva moscatel, método charmat, para os EUA, inclusive da Miolo, mas realmente eles conseguem ser mais caros do que os europeus de método champenoise, tradicional, normalmente de custo bem maior. Ganância desmedida e cegueira torpe, não há outra explicação. Custo Brasil? Talvez, mas só um pouquinho tá. Boicote ao vinho nacional já. Basta.
Voltarei ao tema. Santé.
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29.6.10
SBT no Languedoc
Durante o mês de abril o SBT fez uma série de reportagens sobre o Languedoc Roussillon. A viagem ao Sul da França aconteceu com o apoio de Sud de France e permitiu mostrar, pela primeira vez na TV brasileira, o leilão de Toques et Clochers, em Limoux. A reportagem filma as paisagens que inspiraram Matisse em Colliure, a milenar cidade medieval de Carcassonne e muito mais. São quatro vídeos, este é o primeiro.
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13.4.10
9.1.10
JBlog
Caros leitores,
Hoje o blog se muda de mala e cuia para o JBlog do JB. Vamos falar de todos os vinhos franceses, ampliando nossos temas. Voltarei a este blog esporadicamente. Continuem conosco. Rogerio
http://www.jblog.com.br/conexaofrancesa.php
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30.12.09
Balanço e perspectivas de final de ano
O ano de 2009 acaba e deixa para trás muitas lembranças ruins para o mundo do vinho. A continuação da crise com consequente queda dos preços na produção, diminuição da quantidade de propriedades vitícolas, menor superfície plantada e diminuição da renda do agricultor. Desta vez mesmo os Grand Cru de Bordeaux e a Champagne, dois ícones do triunfo da viticultura francesa, sentiram o baque. Resultado foi queda do consumo e preços em baixa.
Apesar da crise e sem sermos muito otimistas alguns momentos de 2009 nos deram sinais bastante positivos.
As vendas dos dois maiores leilões de vinhos da França Hospices de Beaune, Borgonha, e Toques et clochers, Limoux, foram bem superiores a 2008, o que é um bom sinal para o ano que se aproxima. O interesse pelo vinho na França e no mundo não diminuiu como pudemos ver em Vinexpo e de forma ainda mais forte no recente Wine Futur Rioja, na Espanha. As inscrições para Vinisud em fevereiro, em Montpellier, estão de vento em popa e há muito os hotéis estão lotados.
O crescimento da viticultura sustentada (raisonée) e orgânica seguem firmes e são uma tendência dominante. Uma terra mais limpa se avizinha.
Como sempre os que foram mais criativos, perseverantes e ousados conseguiram driblar a crise, conquistar novos mercados e por que não dizer crescer.
As vendas natalinas estão firmes. No Brasil seguem bastante aquecidas graças a um câmbio correto. O ano que chega tem tudo para ser maravilhoso. Feliz “millésime” 2010 para você.
Apesar da crise e sem sermos muito otimistas alguns momentos de 2009 nos deram sinais bastante positivos.
As vendas dos dois maiores leilões de vinhos da França Hospices de Beaune, Borgonha, e Toques et clochers, Limoux, foram bem superiores a 2008, o que é um bom sinal para o ano que se aproxima. O interesse pelo vinho na França e no mundo não diminuiu como pudemos ver em Vinexpo e de forma ainda mais forte no recente Wine Futur Rioja, na Espanha. As inscrições para Vinisud em fevereiro, em Montpellier, estão de vento em popa e há muito os hotéis estão lotados.
O crescimento da viticultura sustentada (raisonée) e orgânica seguem firmes e são uma tendência dominante. Uma terra mais limpa se avizinha.
Como sempre os que foram mais criativos, perseverantes e ousados conseguiram driblar a crise, conquistar novos mercados e por que não dizer crescer.
As vendas natalinas estão firmes. No Brasil seguem bastante aquecidas graças a um câmbio correto. O ano que chega tem tudo para ser maravilhoso. Feliz “millésime” 2010 para você.
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24.12.09
Feliz Natal
A todo os leitores do Blog desejo um Feliz Natal e espero que a colheita de 2010 seja repleta de alegrias e felicidades. Saúde e Santé para todos.
Em 2010 o Blog promete fazer muito mais. Aguardem as novidades.
Rogerio
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Sul da França
9.12.09
Entrevista com Philippe Faure-Brac e Olivier Poussier
Na foto do topo Philippe Faure-Brac durante degustação de Toques et Clochers e na outra Olivier Poussier descerra a palca da carreira de vinhas que leva seu nome em Limoux, no Château de Flandry.
Durante o XX leilão de vinhos de Toques e Clochers em Limoux, Sul da França, em abril, entrevistei os dois maiores sommeliers franceses: Olivier Poussier, melhor sommelier do mundo em 2000, e Philippe Faure-Brac, conhecido como Monsieur Rio por ter sido campeão no mundial de sommellerie do Rio de Janeiro em 1992. Poussier presta consultoria para grandes marcas como Champagne Jacquesson, grupo Accord, Vin du Monde, que traz vinhos da Miolo, e Lenôtre. Faure-Brac, proprietário do Bistrot do Sommelier em Paris, foi o sommelier da Air France até 2005, é diretor do Instituto Nacional das Denominações de Origem, INAO, tem sete livros publicados, além de ser sócio de um vinhedo no Gard, Sul da França. Por estarmos no evento mais importante do Languedoc Roussillon, o maior vinhedo do mundo, o assunto foi o vinho do Sul da França, que tem aumentado sua presença no Brasil e no mundo.
Rogerio Rebouças - Qual sua opinião sobre a evolução do vinhedo do Languedoc Roussillon?
Olivier Poussier – Ela é no geral positiva. Se olharmos bem, há trinta anos os vinhos daqui eram majoritariamente produzidos por cooperativas que o faziam num estilo clássico sulista, na expressão da fruta, carnudos e ricos. Onde faltava um pouco de delicadeza. Há vinte anos começaram a fazer vinhos mais civilizados com envelhecimento em barricas, vinhos com mais extração, mais ricos e mais densos, mas ainda pouco apetitosos. Podemos perceber que nos últimos 10 anos o Languedoc busca fazer vinhos com aromas e sabores típicos do Languedoc , do Mediterrâneo, buscam extrair texturas que são mais em mais equilibradas, vinhos maduros sem ter alto teor de álcool . E como? Trabalhando sob a massa foliar e sobre a maturidade da uva. As pessoas do Sul da França começam a compreender que fazer um vinho concentrado e elegante não é necessariamente fazer um vinho com 15,5 graus, mas um vinho com bom teor de álcool, suculento na expressão de sua fruta. Eu creio que a evolução dos dez últimos anos mostra que vários produtores mudaram completamente de filosofia. Eles fazem vinhos bem maduros, com menos concentração, menos madeira e muito mais digestíveis em termos de equilíbrio. Essa é a evolução positiva do Languedoc.
Philippe Faure-Brac – Deve-se dizer que em vinte anos houve uma grande evolução, terminou-se um período em que se fazia, principalmente, vinho de consumo corrente, onde a quantidade de vinho de mesa (vin de table) ou vinho regional (vin de pays) era muito importante. Hoje temos vinhos regionais que fizeram um grande progresso com novas castas, novas técnicas e abordagens da leitura do terroir e, sobretudo, das denominações de origem, sejam as antigas que evoluíram bem, sejam as novas que se criaram, como aqui em Limoux. O nível de qualidade não parou de aumentar nos últimos 20 anos.
Rogerio Rebouças -Como você vê os vinhos da Cooperativa Aimery/Sieur d’Arques e de Limoux em relação aos demais vinhos do Languedoc?
Olivier Poussier - O que me interessa sobre tudo nos vinhos de Sieur d’Arques e nos vinhos da denominação Limoux ,onde esta se situa, é que Sieur d’Arques/Aimery valorizou todos os vinhos de Limoux com Toques e Clochers. O chardonnay é uma uva que é muita conhecida no mundo, é uma casta internacional, isto é, ela é muito caricaturada. Existem países que fazem bem e outros que a vulgarizam fazendo com ela as mais fracas das suas expressões. Em Limoux, se olharmos bem em relação ao resto do Sul da França, onde se faz vinhos muito comuns, varietais, que exprimem o lado amanteigado, untuoso, mas muito simples em termos de expressão. Em Limoux o que é interessante é que se ganha em expressão mineral. O chardonnay precisa de precisão, de equilíbrio. Em Limoux o território que prefiro é o do Haute Vallée , com altitudes de 300 a 400 metros, onde temos imediatamente tensão e mineralidade e sobretudo equilíbrio da acidez com o álcool, que faz com que tenhamos vinhos que são muito franceses no equilíbrio. Normalmente no Mediterrâneo a chardonnay sofre com o calor e vai dar um vinho generoso e untuoso, mas vai faltar um pouco de delicadeza. Limoux demonstra bem que para fazer um grande branco no Sul da França ele tem de estar sub-exposto ao sol ou em altitude para compensar o calor.
Philippe Faure-Brac - Eu conheço bem os vinhos de Limoux, pois estive aqui há vinte anos no I Leilão de Toques e Clochers. Pude ver de perto o progresso da qualidade, uma melhor definição dos terroirs – hoje são quatro Haute Valée, o Autan, o Oceânico – e a motivação dos produtores para fazer algo de bom. Podemos ter uma denominação onde 2 ou 3 produtores trabalham bem, mas a grande força de Limoux é que eles conseguiram se unir neste esforço qualitativo, que existe há vinte anos, para fazer crescer o conjunto da denominação. Acho que pra os XX anos esta é uma bela recompensa.
Rogerio Rebouças - No Brasil temos muitos vinhos do Chile e da Argentina. Você acredita que os vinhos do Sul da França podem ter um lugar de destaque no mercado brasileiro?
Olivier Poussier - Claro, certamente. Acabei de fazer uma reportagem sobre a Argentina, para a Revue de Vin de France, onde fiquei agradavelmente surpreso com alguns territórios históricos de Mendonza, onde se consegue fazer com a Malbec vinhos maduros e com frescor, o que não é uma coisa fácil de encontrar em toda a Argentina. Os vinhos do Languedoc têm o seu lugar com certeza, estamos falando de um universo de vinhos sulistas, com sol, generosos, por que o Languedoc não penetraria no mercado brasileiro? Sim, ele penetrará.
Philippe Faure-Brac – Eu acho que tem lugar para os vinhos do Languedoc em muitos mercados do mundo. Eu penso que em países da América Latina, como o Brasil, isso é interessante, pois temos história e o Brasil é muito sensível a este argumento, sem falar da qualidade do vinho que é evidente. O consumidor maduro brasileiro busca este tipo de qualidade, e acho que há também a novidade do Languedoc Roussillon. Este não é um vinhedo antigo, claro que há a história Antiga, mas o que quero dizer é sobre a modernidade. O novo é o Languedoc Roussillon, isso é extremamente importante. Porque o Brasil é um país que tem um olhar sobre o futuro, é a novidade que se encaixa nesta perspectiva. É um vinho de boa relação qualidade preço, com grande volume de produção, eu creio que existe um lugar importante para o vinho do Languedoc, notadamente no Brasil.
Rogerio Rebouças – Para o leitor que pretende se iniciar no mundo do vinho o Sul da França é uma boa porta de entrada?
Philippe Faure-Brac – Sim, pois há uma grande variedade de castas, uma grande diversidade de gostos, um amplo espectro de preços. É um bom caminho para aprender sobre vinhos. Mas se ele quer realmente aprender deve vir me ver no Bistrot du Sommelier, 97 boulevard Haussman, em Paris. (risos)
Rogerio Rebouças - Qual sua opinião sobre a evolução do vinhedo do Languedoc Roussillon?
Olivier Poussier – Ela é no geral positiva. Se olharmos bem, há trinta anos os vinhos daqui eram majoritariamente produzidos por cooperativas que o faziam num estilo clássico sulista, na expressão da fruta, carnudos e ricos. Onde faltava um pouco de delicadeza. Há vinte anos começaram a fazer vinhos mais civilizados com envelhecimento em barricas, vinhos com mais extração, mais ricos e mais densos, mas ainda pouco apetitosos. Podemos perceber que nos últimos 10 anos o Languedoc busca fazer vinhos com aromas e sabores típicos do Languedoc , do Mediterrâneo, buscam extrair texturas que são mais em mais equilibradas, vinhos maduros sem ter alto teor de álcool . E como? Trabalhando sob a massa foliar e sobre a maturidade da uva. As pessoas do Sul da França começam a compreender que fazer um vinho concentrado e elegante não é necessariamente fazer um vinho com 15,5 graus, mas um vinho com bom teor de álcool, suculento na expressão de sua fruta. Eu creio que a evolução dos dez últimos anos mostra que vários produtores mudaram completamente de filosofia. Eles fazem vinhos bem maduros, com menos concentração, menos madeira e muito mais digestíveis em termos de equilíbrio. Essa é a evolução positiva do Languedoc.
Philippe Faure-Brac – Deve-se dizer que em vinte anos houve uma grande evolução, terminou-se um período em que se fazia, principalmente, vinho de consumo corrente, onde a quantidade de vinho de mesa (vin de table) ou vinho regional (vin de pays) era muito importante. Hoje temos vinhos regionais que fizeram um grande progresso com novas castas, novas técnicas e abordagens da leitura do terroir e, sobretudo, das denominações de origem, sejam as antigas que evoluíram bem, sejam as novas que se criaram, como aqui em Limoux. O nível de qualidade não parou de aumentar nos últimos 20 anos.
Rogerio Rebouças -Como você vê os vinhos da Cooperativa Aimery/Sieur d’Arques e de Limoux em relação aos demais vinhos do Languedoc?
Olivier Poussier - O que me interessa sobre tudo nos vinhos de Sieur d’Arques e nos vinhos da denominação Limoux ,onde esta se situa, é que Sieur d’Arques/Aimery valorizou todos os vinhos de Limoux com Toques e Clochers. O chardonnay é uma uva que é muita conhecida no mundo, é uma casta internacional, isto é, ela é muito caricaturada. Existem países que fazem bem e outros que a vulgarizam fazendo com ela as mais fracas das suas expressões. Em Limoux, se olharmos bem em relação ao resto do Sul da França, onde se faz vinhos muito comuns, varietais, que exprimem o lado amanteigado, untuoso, mas muito simples em termos de expressão. Em Limoux o que é interessante é que se ganha em expressão mineral. O chardonnay precisa de precisão, de equilíbrio. Em Limoux o território que prefiro é o do Haute Vallée , com altitudes de 300 a 400 metros, onde temos imediatamente tensão e mineralidade e sobretudo equilíbrio da acidez com o álcool, que faz com que tenhamos vinhos que são muito franceses no equilíbrio. Normalmente no Mediterrâneo a chardonnay sofre com o calor e vai dar um vinho generoso e untuoso, mas vai faltar um pouco de delicadeza. Limoux demonstra bem que para fazer um grande branco no Sul da França ele tem de estar sub-exposto ao sol ou em altitude para compensar o calor.
Philippe Faure-Brac - Eu conheço bem os vinhos de Limoux, pois estive aqui há vinte anos no I Leilão de Toques e Clochers. Pude ver de perto o progresso da qualidade, uma melhor definição dos terroirs – hoje são quatro Haute Valée, o Autan, o Oceânico – e a motivação dos produtores para fazer algo de bom. Podemos ter uma denominação onde 2 ou 3 produtores trabalham bem, mas a grande força de Limoux é que eles conseguiram se unir neste esforço qualitativo, que existe há vinte anos, para fazer crescer o conjunto da denominação. Acho que pra os XX anos esta é uma bela recompensa.
Rogerio Rebouças - No Brasil temos muitos vinhos do Chile e da Argentina. Você acredita que os vinhos do Sul da França podem ter um lugar de destaque no mercado brasileiro?
Olivier Poussier - Claro, certamente. Acabei de fazer uma reportagem sobre a Argentina, para a Revue de Vin de France, onde fiquei agradavelmente surpreso com alguns territórios históricos de Mendonza, onde se consegue fazer com a Malbec vinhos maduros e com frescor, o que não é uma coisa fácil de encontrar em toda a Argentina. Os vinhos do Languedoc têm o seu lugar com certeza, estamos falando de um universo de vinhos sulistas, com sol, generosos, por que o Languedoc não penetraria no mercado brasileiro? Sim, ele penetrará.
Philippe Faure-Brac – Eu acho que tem lugar para os vinhos do Languedoc em muitos mercados do mundo. Eu penso que em países da América Latina, como o Brasil, isso é interessante, pois temos história e o Brasil é muito sensível a este argumento, sem falar da qualidade do vinho que é evidente. O consumidor maduro brasileiro busca este tipo de qualidade, e acho que há também a novidade do Languedoc Roussillon. Este não é um vinhedo antigo, claro que há a história Antiga, mas o que quero dizer é sobre a modernidade. O novo é o Languedoc Roussillon, isso é extremamente importante. Porque o Brasil é um país que tem um olhar sobre o futuro, é a novidade que se encaixa nesta perspectiva. É um vinho de boa relação qualidade preço, com grande volume de produção, eu creio que existe um lugar importante para o vinho do Languedoc, notadamente no Brasil.
Rogerio Rebouças – Para o leitor que pretende se iniciar no mundo do vinho o Sul da França é uma boa porta de entrada?
Philippe Faure-Brac – Sim, pois há uma grande variedade de castas, uma grande diversidade de gostos, um amplo espectro de preços. É um bom caminho para aprender sobre vinhos. Mas se ele quer realmente aprender deve vir me ver no Bistrot du Sommelier, 97 boulevard Haussman, em Paris. (risos)
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17.11.09
25 anos do Guide Hachette de Vinhos
Este ano o Guide Hachette comemora seus 25 anos de sucesso. Hoje são 10 mil vinhos presentes no Guia, contra 5 mil na primeira edição. Além dos vinhos franceses são também avaliados os da Suíça e de Luxemburgo. Este ano a novidade são os cognacs e armagnacs.
As degustações são feitas às cegas e o júri é formado por especialistas, críticos e produtores. Não é apenas uma única boca que dita as regras do jogo, mas um grupo de paladar diferente que vem de todas as regiões produtoras. Portanto, as escolhas são democráticas e consensuais, e a margem de erro menor do que se fosse de apenas um único crítico.
A fórmula do sucesso inclui também uma apresentação clara e intuitiva de cada vinho, sob a forma de uma ficha comentada. Vale visitar o site (http://www.hachette-vins.com/)e pesquisar os guias anteriores. O que permite traçar um histórico do produtor e perceber se este mantém sua qualidade ao longo dos anos. O que podemos chamar de um valor seguro.
Para importador, consumidor, especialista ou jornalista é sempre uma fonte confiável de informação. Mas lembre-se nada substitui a sua degustação. Um bom exercício é comparar sua análise com a do Guia.
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4.11.09
Chrono Viti, o Sedex do vinho
Chronopost, o Sedex do correio francês, acaba de criar um serviço de entrega mundial especializado em vinhos, o Chrono Viti. Na França a entrega é no dia seguinte até as 10 da manhã para profissionais e para os demais até as 13 horas. A embalagem se chama Vitibox e é 100% reciclável, atendendo ao conceito de ecologicamente correto, muito em voga no por aqui. Justíssimo. Existem caixas para 1, 3 ou seis garrafas de 750ml.
O novo serviço está também disponível a nível internacional com prazo de entrega de 1 a 4 dias. ChronoViti oferece uma equipe para facilitar o desembaraço nas alfândegas de todo o mundo. Espero que consigam sucesso na alfândega brasileira, que normalmente inviabiliza as importações devido ao seu alto custo.
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14.10.09
Festival Sud de France na TV
Bela reportagem do SBT sobre o Festival Sud de France no Rio de Janeiro.
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III Festival Sud de France
11.10.09
Ganhe uma viagem à França e mais 19 prêmios
Clique na foto e participe do Concurso. Tem viagem, brunch, aula, fim de semana em Búzios, caixas de vinhos para você ganhar e um super kit Perrier.
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