23.3.07

Polêmica: Dusser-Gerber, a miopia de marketing e o Sul da França autêntico


Patrick Dusser-Gerber, jornalista especializado em vinhos e autor do Guia Dusser-Gerber de vinhos da França, publica, hoje, uma longa análise no jornal online AgoraVox. Atenho-me apenas ao Sul da França.
Dusser-Gerber começa perguntando: "Languedoc o vinho do futuro?". Lembra-me bem a frase: “Brasil o país do futuro." Diz que no Languedoc o produtor vive tentando se encontrar e testa diversas opções, vinho de mesa, vinho de qualidade, vinhos varietais,...Critica os governos que se confundem há 40 anos, com boa dose de razão, em busca de uma solução. Acreditando que o importante seja a busca de nichos duvida mesmo da eficácia da marca Sul da França.
O Sul da França engloba duas grandes regiões o Languedoc e o Roussillon, o que a coloca como o maior vinhedo do mundo! Como pode querer trabalhar focado em nicho? Seria uma miopia de marketing.
A busca por facilitar a compreensão por parte do consumidor, ajudando-o a identificar de onde vem o vinho que toma é por si só louvável. Quando se diz Sul da França identifica-se o país e uma situação geográfica. Os que são iniciados vão continuar e identificar a apelação e o território. Depois o corte.
Neste imenso vinhedo tem espaço pra tudo. Inclusive pro vinho regional, Vin de Pays (VDP). Como o mercado oscila o produtor precavido não quer colocar todos os seus ovos numa só cesta, isto é, num só tipo de vinho. Se o AOC é mais valorizado o volume produzido é menor. O VDP é menos remunerado por litro, mas permite ter um rendimento maior. A questão é de legislação, um AOC Corbières tem limite de rendimento de 45 hl/ha e um VDP 80 hl/ha. Nem todas as parcelas de terra são classificadas em AOC. Enfim, são muitos os fatores. Quem vende em cisterna sofre mais. Quem vende em garrafa investe mais, tem mais qualidade, ganha mais e arrisca mais seu capital.
Numa coisa eu concordo com Dusser-Gerber, os melhores vinhos são os que guardam sua autenticidade, a tipicidade da região e seu caráter. Mas isto não quer dizer que todos que escolheram este caminho vendem bem. Vender é outra conversa. Dentre uma rápida lista de bons vinhos que cita pinço o muito bom Étang de Colombes, de Lézignan-Corbières, importado pelo Club Taste-Vin. Autêntico e típico Corbières. Mas o mesmo produtor faz, em vinhedo vizinho, o Château Saint James, vinho moderno, paladar internacional e igualmente bom. Este trazido pela Expand. Seria esta uma escolha de Sofia? Eu prefiro os autênticos, são inconfundíveis. Leia a entrevista integral no link http://www.agoravox.fr/article.php3?id_article=21115