30.4.08

Fim de feira é um bom momento

No último dia da Expovinis, em São Paulo, alguns profissionais já começam a voltar, em geral os estrangeiros e visitantes de outros estados. É neste momento que fica mais fácil bater um papo mais descontraído com um importador ou produtor. Podem surgir novos negócios, pode-se aprender coisas novas ou fazer novos amigos em torno de um bom vinho. Apareça.

28.4.08

Roussanne e Marsanne: brancas do Sul da França na Expovinis



Estas duas castas meridionais são tradicionalmente cultivadas no vale norte do Rhône (Hermitage), mas também no Languedoc onde fazem parte das principais uvas autorizadas para os diversos AOCs brancos da região.
A roussanne é bem adaptada aos locais de grande exposição ao sol, solo pobre, argilo-calcáreo e pedregoso. Oferece um vinho de grande qualidade, potente e aromático, de acidez equilibrada e apto ao envelhecimento. Uva nobre. Normalmente é associada à marsanne que também tem suas origens no norte do Rhône, utilizada também para vinhos espumantes. De precocidade (amadurecimento) média, também gosta de solos pobres, pouco férteis e pedregosos. Fique sabendo que no Languedoc essas condições são dominantes.
Roussanne é muito sensível a algumas doenças como a podridão cinza e por este motivo tem visto sua produção declinar. Apesar de possuir uma grande complexidade aromática e se destacar como produtora de um vinho de guarda. Os aromas mais constantes e marcantes são os de damasco, café verde, mel, do lado floral vamos ter raiz de Iris, Narciso, espinheiro-alvar e madressilva.
Já a marsanne nos dá um vinho pouco ou medianamente ácido, elegante e de aromas mais discretos, porém superiores aos da grenache branca. Onde se destacam damascos, amêndoas, nozes secas, litchis fresco, a cera de abelha, pêssegos brancos, maça cozida, especiarias, alcaçuz e as notas florais são as da acácia. Esta duas uvas estão presentes nos cortes dos AOC Corbières, Coteaux du Languedoc, Saint Chinian, Faugères, Minervois...
Descubra na Expovinis, no stand da Reloco, o Cuvée Mythique branco com 40% de Marsanne e 20% de Roussanne aos quais se juntam a Viognier, 20%, e a grenache branca.

26.4.08

Sud de France na Expovinis

Robert Amalric, diretor de Sud de France, é presença certa no stand.
Sud de France (Sul da França ou South of France) é a marca guarda chuva de todos os vinhos do Languedoc Roussillon. Não é uma empresa de venda de vinhos. Septimanie Export é um organismo público da Região Languedoc Roussillon de fomento à exportação e que divulga a marca Sud de France.
Sud France reúne toda a cadeia profissional dos diversos segmentos do vinho do languedoc Roussillon. Seja Vinde Table, Vin de Pays ou AOC.
No stand Sud de France estarão importadores brasileiros expondo vinhos do Sul da França e 3 produtores dentre eles uma cooperativa, a Cantalric de Capendu.
Nos veremos lá no stand de Sud de France ou no da Reloco ou ainda no da Barrinhas. Todos com excelentes vinhos do Sul da França.

23.4.08

Saia da mesmice descubra a Cuvée Mythique branca


Ontem tive o prazer de estar na CDC Enoteca, do José Luiz Botelho, São José dos Campos, ajudando a importadora Reloco a promover e lançar alguns rótulos. Eram 35 vinhos em degustação todos muito interessantes. Alguns fantásticos como o merlot e o rosso do Coppola. Mas me atenho ao Cuvée Mythique branco do Les Vignerons de La Méditerranée. Não pensem que vou fugir do tema das castas, não.
O Mythique é resultado do desejo de dois mil produtores, desta cooperativa de comercialização, de produzir um grande vinho que representasse a alma dos vitivinicultores do Languedoc. Apenas 45 foram selecionados para participar deste vinho branco classificado como vin de pays, vinho regional, por ultrapassar as fronteiras das diversas denominações do LanguedocA assemblagem é bastante singular com 40% de roussane, 20% de marssanne, 20% de viognier e 20% de grenache branca.
O corte simplesmente te tira do habitual, te transporta pro novo e te oferece novas sensações. No nariz um complexo buquê floral, na boca boa acidez, caramelo, mel e mais flores. Tem boa persistência e termina muito bem. Harmoniza tanto com peixes e frutos do mar como com comidas exóticas, tailandesa inclusive. Foi um sucesso de público encantou as mulheres e agradou aos homens. Amanhã comento um pouquinho sobre estas castas indígenas do Mediterrâneo. Saia da mesmice.

22.4.08

Seja um Don Juan, seja autêntico


Ia falar hoje sobre uma outra casta do Mediterrâneo, a grenache, mas pincei uma conversa legal no Fórum Enológico e resolvi dar um pitaco. O papo é sobre a pontuação ou avaliação dos críticos americanos. Ou será do crítico? O artigo de Dan Berger, clique no link acima, afirma que componentes genéticos ajudam a determinar sua preferência na escolha dos vinhos. Ora quantas vezes compramos um vinho recomendado por um crítico e nossos gostos não batem? Ou para não nos deixarmos influenciar direi – “quantas vezes degustamos um vinho e nossa apreciação é bastante diferente da avaliação de um crítico badalado?”.
Pode ser genético? Mas também pode ser cultural, boca torta pelo hábito, pode ser gosto simplesmente, o qual pode ser explicado geneticamente, pode ser momento ou um monte de coisas. Tem gente que ama Bordeaux, que detesta Borgonha e que desconhece o Languedoc. Quem não conhece uma região às vezes estranha o vinho. É como provar uma comida diferente você pode adorar de primeira ou demorar um pouco até se apaixonar. Ou simplesmente não gostar mesmo.
Pode ser explicação genética? Claro, afinal biologia nada mais é do que uma superquímica me ensinou Josimar, meu professor de biologia em priscas eras. O que seria das loiras se todos amassem as morenas?
Mas vinho é mais do que gosto. Cada vinho é uma descoberta. Cada garrafa uma nova aventura. Seja um Don Juan. Prove todas, desfrute de cada momento agradável que o vinho possa lhe proporcionar. Tenha você mesmo sua opinião, seja você mesmo o seu crítico. Seja sincero. Deixe que seu paladar o guie, aperfeiçoe-se, deguste, leia e estude. Sofrer influência de um ou de outro é saudável e normal. Todos os grandes pintores foram influenciados. Os melhores suplantaram os mestres ou criaram sua própria escola.
O mais importante é ser autêntico como as castas do Mediterrâneo. Amadureça lentamente como a Mourvèdre no Sul da França e extraia as melhores sensações possíveis de suas papilas gustativas. Santé.

19.4.08

Mourvèdre oferece vinhos longevos


Como prometido vou falar de uma casta típica do Mediterrâneo a Mourvèdre. Originária da Espanha está presente no Sul da França desde a Idade Média. No Languedoc onde também é conhecida como Espar faz parte do corte de diversas denominações de origem como Costières de Nîmes, Faugères, Saint Chinian, Coteaux du Languedoc, Fitou, Corbières, Minervois, Collioure, Côtes du Roussillon e Cabardès. Mas também em Bandol, onde ganhou fama internacional, Châteauneuf du Pape, Côtes du Rhône, e muitas outras denominações.
De cachos médios, bagos pequenos, película espessa, polpa fundente, que se desmanha e sabor acre. Sua maturidade é tardia de terceira época exigindo muito calor e exposição ao sol para atingir sua maturidade. Isto quer dizer que ela prefere ficar longe da altitude e do frio. Dizem os produtores mais antigos que a Mourvèdre precisa ver o mar para atingir a maturidade. Estes conhecem os segredos desta casta delicada e exigente.
Destinada a produção de tintos e rosés de grande qualidade, sozinha ou associada com outras castas do Mediterrâneo, como a syrah, a grenache e também com a carignan. Proporciona um vinho de muito equilíbrio, aroma complexo, bela cor e uma excepcional estrutura. Muito bem adaptada ao envelhecimento em barris de carvalho proporciona uma grande longevidade ao vinho.
Bom exemplo o AOC Corbières Château Ribaute cuvée François Le Noir que tem 60% de mourvèdre, 30% de grenache e 10% de velhas vinhas de carignan. Um vinho de guarda que começa a fazer sucesso no Brasil. O Grand Opera, da mesma denominação de origem e cujos vinhedos ficam à beira mar tem 20% de mourvèdre e sua longevidade foi atestada por Paulo Nicolay em 2007 durante uma degustação vertical na SBAV, com vinhos de 15 a 20 anos em pleno esplendor. Não é a toa que Robert Parker sugere a fuga da mesmice e a redescoberta das castas nativas.
Veja o vídeo aqui no Blog clicando no link do título acima.

18.4.08

Parker disse...



Robert Parker deu uma entrevista ontem no Le Figaro e pinço duas frases.
"O vinho francês continua sendo a referência mundial." Isso eu já sabia.
"Nós assistimos o retorno das castas originais (indigenes) no Sul da França,...por jovens e novos produtores, uvas que antes eram mandadas para as cooperativas". A quanto tempo falo de castas que fogem do padrão aqui no Blog?
Amanhã sigo falando das castas do Languedoc. E não é de merlot não.

16.4.08

Conhecendo as castas do Languedoc Roussillon I






No mapa acima podemos ver a distribuição geográfica das principais castas da França. As cepagens do mediterrâneo serão todas encontradas no Languedoc. São mais de 30 variedades sendo que apenas 5 destas produzem ao menos 4% do volume. Carignan 21%, grenache 16%, syrah 15%, merlot 9% e chardonnay 4%. Nenhuma das outras chega a atingir 4% do volume produzido. Estamos falando de 292 mil ha, logo mesmo uma casta que represente 2% do total tem um volume significativo. Afinal, estamos falando do maior vinhedo do mundo.
Quando se olha no mapa percebe-se que a ONIVINS, hoje VINIFLHOR, (organismo regulador do vinho regional) não colocou a syrah no Languedoc. Quanta injustiça sabendo-se que é a casta básica do corte dos vinhos tintos das suas principais denominações de origem. Exemplos? Corbières, a maior, Fitou, Minervois, Coteaux du Languedoc,...

14.4.08

Sul da França presente na Expovinis


Estou partindo para o Brasil onde estarei na Expovinis no final do mês, mas não serei apenas eu que representarei o Sul da França - que pretensão seria- , como já não havia sido ano passado. O Sul da França estará com um grande stand dentro do espaço França. Vocês terão a oportunidade de degustar novas safras, conhecer novos vinhos, produtores e importadores que estarão mostrando suas novas pepitas cuidadosamente selecionadas para surpreender você.
Estarei nos stands da Barrinhas, Reloco e também no de Sud de France com a Vitis Vinífera e a Nunes Martins. Vai ter Blanquette de Limoux, Corbières, Minervois e varietais. Apareçam.

11.4.08

I Curso de Enologia Profissional para brasileiros no Sul da França

PROGRAMA EXTRA DE FINAL DE SEMANA
As muralhas da cidade de Carcassonne classificada como patrimônio da humanidade pela Unesco


O programa extra de final de semana vai mesclar vinho, história, cultura e umas lojinhas que ninguém é de ferro. Às 9 horas da manhã saída para Montpellier, capital do Languedoc Roussillon, com visita aos principais monumentos do centro como a Place de la Comédie, palco de grandes peças teatrais e eventos. Almoço livre no centro histórico. Partida para a Séte, cidade natal do cantor Georges Brassens e importante porto pesqueiro. Em seguida ida à Bouzigues vilarejo famoso por sua produção de ostras e mexilhões. Palco ideal para uma aperitivo ao entardecer. Retorno ao hotel com chegada prevista para as 18h30min.
No domingo, saída para a abadia cisterciense de Fontfroide do século XII. Em perfeito estado de conservação e produzindo vinhos excelentes é um dos pontos turísticos mais visitados da região. Ao meio dia saída para Carcassonne, a maior cidade medieval do mundo e patrimônio da humanidade. No almoço uma das boas opções é o cassoulet, "feijoada típica do Aude". Passeio pelas ruas da cidade fortificada, visita do castelo e da catedral. Regresso para Narbonne. Imperdivel.

10.4.08

Alunos visitarão Fontfroide


Os alunos do curso de Enologia Profissional para brasileiros, de 18 a 30 de maio em Narbonne, terão a oportunidade de visitar no sábado dia 23 a abadia Cisterciense de Fontfroide. Em perfeitas condições de conservação é uma visita imperdível. Primeira atração turística privada mais visitada do departamento do Aude e uma das principais de todo o Languedoc. A abadia mostra uma arquitetura apaixonante, um roseiral magnífico e produz vinhos de excelente qualidade. Há menos de cinco anos a foi feita grande melhora dos vinhedos e na vinificação com contratação de novo enlogo e mestre de chais. O resultado foi um vinho de grande qualidade o tinto Corbières Deo Gratias que alcançou três estrelas e "coup de coeur" em 2007 e duas estrelas no Guide Hachette de vinhos 2008, a principal referência francesa. Não perca.

8.4.08

Os vinhos de abadias cistercienses



Aconteceu ontem em Paris o pequeno salão do vinho de abadias de origem cisterciense. Muitos vinhedos franceses devem sua origem ao trabalho desenvolvido pelos renomados e austeros monges cistercienses que com sua competência e dedicação ajudaram a reerguer sua produção, na Idade Média, devastada após as invasões bárbaras.
Estes vinhos de abadia representam uma expressão do patrimônio histórico e cultural da França. A ordem cisterciense surge em 1098 com Robert de Molesme, que com alguns companheiros fundam o monastério de Cîteaux e decidem aplicar estritamente as regras de São Bento (Saint Benoit). Regras estas que pregavam um equilíbrio entre trabalho manual e intelectual.
O resultado desta busca da perfeição é a origem de grandes vinhos e vinhedos. Chablis vai nascer na abadia de Pontigny, Cîteaux é berço de vinhedos de prestígio na Borgonha como o Clos de Vougeot. A Sauvignon vai ser introduzida em Quincy pelos monges da abadia de Beauvoir. Gigondas e Vacqueyras pertenciam à abadia de Aiguebelle.
No Languedoc a abadia de Fontfroide, século XII, estende suas atividades por grandes extensões de terras. Tornando-se uma potência religiosa e territorial. Suas 25 granjas produziam diversas culturas além de vinho, azeite e a criação de animais. A granja de Saint-Julien de Septime, a mais próxima fisicamente da abadia, cultivava a casta grenache negra e branca. O resultado era um vinho doce que resistia a grandes viagens. Este era levado à Avignon onde era servido na mesa do Papa. Além de um Papa, Benoit XII, Fontfroide nos oferece um excelente Corbières e uma bela visita cultural.

7.4.08

Seja jurado do II Concurso Syrah du Monde



O segundo confronto entre os melhores Syrah do mundo volta a acontecer este ano na cidade de Ampuis, no castelo do mesmo nome, no norte do Vale do Rhône. Seja um jurado e ajude a escolher o melhor syrah do mundo. Metade dos jurados é estrangeira para aqueles que não forem profissionais é necessário fazer uma pequena formação de nivelamento.
Você verá in loco a força dos vinhos do Sul da França neste concurso. Boa sorte.

4.4.08



La Couvertoirade além de atrair turistas atrai cineastas.

Caros leitores tive de dar um "pulo" em Paris - por isto a escassez de textos na semana- e no caminho fui parando em Vichy, bela cidade com boas águas termais e que a memória francesa quer esquecer, por ter sido a sede do governo colaboracionista na II Guerrra Mundial. Fui também a Nevers, onde visitei o circuito de Magny Cours, no Auvergne fui às compras de bons quijos, pois lá é terra do Cantal, Saint Nectaire, Fourme d'Ambert, Salers e o Bleu d'Auvergne. Hoje, já voltando, conheci uma cidadezinha medieval La Couvertoirade, no Aveyron, Região do Midi-Pirineus. Tida como um dos mais belos vilarejos da França. Trata-se de uma mini Carcassonne que foi fundada pelos Templários e posteriormente entregue aos Hospitaleiros. Almocei no Le Medieval, um pequeno restaurante dentro da cidadela, muito bom, com comidas típicas e vinhos regionais. Vale dizer que La Couvertoirade fica a poucos quilômetros do Languedoc e claro a base dos vinhos da carta é do Sul da França. Tomei uma pequena garrafa de Coteaux du Languedoc Saint Saturnin, Vin de Nuit, tinto, que pelo preço, apenas 6€ na mesa de um restaurante me surpreendeu, com aromas de passas e boa complexidade. Harmonizou muito bem com as costelas de carneiro e molho roquefort, cuja cidade fica a poucos quilômetros.
Nesta sobre denominação o solo é argilo-arenoso, mas o grande direfencial é a altitude, fica ao pé dos contrafortes do Larzac. Esta denominação situa-se entre o Maciço Central e o Mediterrâneo.