17.1.08

Um vinhedo australiano em pleno Languedoc muda de mãos











Durante minha formação no Le Quatourze, Narbonne, Sul da França, minha turma fez uma visita técnica ao Domaine de La Motte, perto de Narbonne. Fomos lá para conhecer como os australianos fazem vinho. A condução do vinhedo foi determinada pelo proprietário original o grupo James Herrick. Este utilizou as técnicas australianas de condução, terreno gramado, gota a gota para irrigação e adubação, fios de ferro que se levantam em linha simultaneamente, área de vinificação em estado da arte com cubas em inox, micro bolhas, prensagem pneumática e tudo planejado. Detalhe, quando a visitei já pertencia ao grupo australiano Foster's. Conecido pela cerveja mas também por seus vinhos australianos e americanos e também pela champagne Lanson. Coisas do mercado de ações e da mundialização.
Seu objetivo era produzir uvas chardonnays sãs e vinhos muito bons nos padrões ABS, nada de vinho ótimo ou excelente. Esta era a tarefa que lhe cabia no catálogo de vinhos da empresa. O vinhedo era como uma unidade de produção fabril. Tinha condição de produzir vinhos melhores? Sim, mas aquela unidade tinha como objetivo vender vinhos chardonnays, VDP d'Oc, nos países anglófonos com qualidade e regularidade e etiqueta francesa que remetesse à França. A repetição em propaganda é uma arte. Ou que usasse a forte marca Herrick.
A seca na Austrália, a escassez de brancos, inclusive no Languedoc e o desejo da cervejaria Foster's de se “livrar” daquela unidade “estranha” fez com que o Domaine mudasse novamente de mãos. Agora é a família Bonfils, negociante, que aproveita a forte demanda e compra a vinícola e seus vinhedos de Narbonne, Lézignan-Corbières e Sallèle d'Aude, todos situados no departamento do Aude. Lembrete, a equipe técnica nunca mudou, como numa boa fábrica. Apenas o contrôle acionário foi modificado. Mas, deta vez, a vinificação do negociante no Hérault, departamento vizinho cuja capital é Montpellier, vai se mudar para a nova propriedade. Bem vindo.