5.2.09

Vinho e impostos no Brasil

Realmente o governo busca sempre atrapalhar nossas vidas. Tem horas em que temos vontade de dar um grito anarquista “- Se hay gobierno soy contra”. O vinho brasileiro precisa é que o consumidor tenha facilidade de tomar vinho. Se ele vai tomar vinho originário de uvas de mesa, argentino, francês ou brasileiro é irrelevante. Ele tem é de preferir o vinho à cerveja, ao whisky e à cachaça.
É assim que vamos ampliar o mercado e todos vão ganhar. Vinho mais barato, de mais qualidade e de fácil compreensão vão fazer com que o consumidor opte pelo vinho com mais frequência.
Chega de barreiras que dificultam a escolha do vinho por quem não é iniciado. Vinho é alimento para o dia a dia que deve ser recomendado pelos médicos, com moderação. Afinal, sem moderação mesmo água mata, afogado.
O selo é um enorme passo para trás. A isenção do IPI ou porque não ousar e pedir a inclusão do vinho nacional na cesta básica? Lula não disse que queria que o consumo brasileiro subisse para 5 litros?
Muitos produtores defendem medidas protecionistas. Acho errado. Acredito que a igualdade de condições é o mais justo. Que o imposto de importação seja baixo e que estimule a competitividade. Que o Brasil não seja uma reserva de mercado para o Chile ou Argentina e para ninguém. Que a qualidade do vinho nacional mostre sua força. Como faz o espumante brasileiro.
Você bem se lembra que juntos fizemos uma degustação-promoção de espumantes nacionais de uva moscatel em Frontignan, Sul da França, na ocasião do Muscat du Mundo, e que o público francês adorou as amostras que você trouxe.
Acho que o exemplo a seguir é do espumante brasileiro que tem preço muito bom e qualidade idem. Vejo o espumante brasileiro ganhar mercado, medalhas e prêmios. Que tintos e brancos sigam o exemplo.
Eu que represento um produtor francês de espumante fico feliz quando o brasileiro prestigia o espumante nacional. Quando este opta por um espumante ele está ampliando o mercado para todos, seja produtor de crémant, blanquette, prosecco, champagne ou cavas. O consumo de espumantes no Brasil aumentou e minhas vendas também. Se o vinho brasileiro seguisse o mesmo exemplo e oferecesse bons produtos a bons preços o viticultor brasileiro venderia mais e eu também. Nos EUA quando caem as vendas de champagne, historicamente está provado, caem também as vendas do meu Crémant de Limoux e dos espumantes californianos. Eu quero que o consumidor beba bons produtos, que pague o justo preço e fique satisfeito com o que comprou.
Juntos devemos todos, especialmente os iniciados, desmistificar o vinho. Vinho é bebida fácil, é bebida para o dia a dia e as refeições. Vinho é alimento e faz bem à saúde. Ninguém precisa de diploma para beber vinho. Que o rótulo seja de fácil compreensão, que o vinho dê prazer e que seja agradável e ao alcance do bolso. Cumprida esta tarefa os grandes vinhos, nacionais e importados, todos terão maior aceitação.

Por um vinho democrático.
Pelo vinho na cesta básica.
Por menos impostos para todos.

Rogerio Rebouças