No Languedoc, como em outras regiões, nos festejos de Saint Vincent ocorrem debates, desfiles das confrarias, almoços festivos e degustação de vinhos. Um momento de encontro de produtores, autoridades públicas e população.
26.1.09
Padroeiro São Vicente castiga viticultor francês
No Languedoc, como em outras regiões, nos festejos de Saint Vincent ocorrem debates, desfiles das confrarias, almoços festivos e degustação de vinhos. Um momento de encontro de produtores, autoridades públicas e população.
20.1.09
O vinho europeu vai mudar.
O novo regulamento comunitário europeu publicado em junho de 2008 foi definitivamente adotado na França e define a nova OCM, Organização Comum do Mercado viticultor. Dentre as novas medidas a reforma comunitária vai proteger as políticas de qualidade tradicionais e também estabelecer e garantir a proteção ao meio ambiente.
A classificação dos vinhos será mais simples como se pode ver na tabela acima. Passam a existir apenas duas grandes categorias os vinhos com Denominação de Geográfica (AOP e IGP) e os sem Denominação Geográfica (SEM IG).
Na França teremos os vinhos com Indicação Geográfica distribuídos em dois grupos os com Appelations d'Origines Protegées - Denominação de Origem Controlada (AOP) e os de Indications Geographiques Protegées- Indicação Geográfica Progetida (IGP) e os sem Indicação Geográfica.
Exemplos de AOP: Corbières, Fitou, Minervois, Limoux, Maurye Saint Chinian, Um vinho de IGP é o Vin de Pays d'Oc. O vinho de mesa, vin de table é sem IG.
Além da etiqueta vai haver mudanças na poda e no rendimento dos vinhedos. Amanhã eu conto mais.
15.1.09
Produção e consumo mundial crescem. França perde mercado.
A França produziu 485 milhões de caixas de vinho e a Itália produziu 552 milhões. É certo que no Languedoc, Bordeaux e Borgonha o produtor francês sofreu com a seca e obteve uma pequena colheita ao contrário dos seus vizinhos italianos. Junte-se a isto o prêmio da União Européia para a retidada de vinhas que atinge com força o Sul da França. Os franceses não vão reaver a liderança antes de 2012 segundo um estudo inglês realizado pela consultoria IWSR para os organizadores de VINEXPO. Mesmo prevendo um crescimento da produção francesa de 13% em 2009 até 2012 a produção deve diminuir e italianos seguirão na liderança.
A França não é mais o maior exportador em volume desde 2005 e em 2008 é a Espanha que assume a vice-liderança segundo a Federação de Exportadores de Vinhos e Espirituosos.
E mais: os italianos passaram a ser em 2007 os maiores consumidores de vinhos tranquilos do planeta ultrapassando os franceses. Mantidas as atuais taxas de crescimento os Estados Unidos devem assumir a liderança em 2011, novamente segundo o IWSR.
A queda do consumo do vinho na França é resultado da ação de fanáticos anti-álcool, avalia Robert Beynat, diretor geral de Vinexpo. "Eles se apoiaram notadamente com as recentes campanhas contra o consumo do álcool por mulheres grávidas. A queda deverá diminuir. Depois de encolher de cerca de 9% desde 2003 o consumo deve se retrair de 3% até 2012", conforme publicado no Le Figaro.
Mas não há por que se desesperar. A França ainda é a líder em exportação por faturamento com 6,7 bilhões de euros contra 4,4 bilhões da Itália. O crescimento de Espanha e Itália é sustentado por vinhos de mesa de baixo valor. A oferta de vinho francês é uma força para o futuro. Os consumidores ricos e exigentes irão privilegiar sempre os vinhos de maior qualidade, assegura o presidente de VINEXPO Xavier de Eizaguirre no Le Figaro.
No Brasil França cresce acima da média
No Brasil olhando os recentes números de 2008 segundo o consultor Adão Morelatto a França ocupa a quinta posição em volume, mas a primeira em vinhos tranquilos considerando se o preço médio do litro, que atingiu 6,78US$. A França aumentou suas exportações para o Brasil em 183,04% em 4 anos. Em 2008 obteve o maior crescimento ao lado da Itália, mesmo ficando ainda num distante 5º lugar com 4,54% em volume e 9,81% em valor.
Morelatto totaliza as exportações adicionando os espumantes e a classificação muda. Já que a França é líder em valor e assumiu este ano a liderança (aqui cito a UVIBRA dados até setembro 2008) também em volume.
1º - CHILE: US$ 50.972.837,00 - 27,47%
2º - ARGENTINA: US$ 40.448.796,00 - 21,80%
3º - ITÁLIA: US$ 28.840.437,00 - 15,54%
4º - FRANÇA: US$ 26.994.721,00 - 14,55%
5º - PORTUGAL: US$ 23.905.417,00 - 12,88%
6º - ESPANHA: US$ 7.202.831,00 - 3,88%
TOTAL: US$185.531.633,00 = 96,12%
Languedoc
Checando os dados do lado da Adouane (Receita) francesa, temos que em 2007 os vinhos de denominação de origem (AOC) do Languedoc Roussillon, de maior valor agregado, e de maior qualidade, tiveram um crescimento de volume de 112,25% e de valor de 86,63%. Enquanto que os vinhos de mesa, menor qualidade, tiveram queda de 26,91% de volume e de 18,77% em volume. Aguardamos 2008 para ver a performance do Sul da França no Brasil, mas com certeza cresceu acima da média francesa.
14.1.09
Itália passa França
Reflexo da pequena safra francesa e da retirada de pés de vinha? Foi a Itália que sofreu menos com o calor? Saiba tudo amanhã no Blog.
13.1.09
Sul da França eu recomendo. Parker e Robinson também.
A erradicação da casta aramon e a retirada dos pés de carignan da planície, estes ainda existem nas encostas, onde dão excelentes vinhos. A volta da mediterrânea syrah, a chegada da chardonnay, merlot, cabernet, e outras cepas de qualidade deram um novo impulso à região. Junte-se a isto um rendimento extremamente baixo, o menor da França, melhoria nos métodos de condução dos vinhedos e vinificação moderna que recolocaram a região entre as preferidas dos franceses. A pouca notoriedade faz com que os vinhos sejam vendidos pelo seu preço real e não pela fama da marca. Os principais críticos mundiais, como o americano Robert Parker, os ingleses Oz Clark e Jancis Robinson têm recomendado entusiasticamente os vinhos do Sul da França.
12.1.09
Qual a melhor opção: cápsula de rosca ou rolha?
Os vinhos jovens, a serem bebidas em até 3 anos, devem mudar para a cápsula de rosca ou para a rolha sintética. Já os vinhos que exigem um envelhecimento maior continuarão a usar a suas boas e longas rolhas. No Brasil alguns Vin de Pays d’OC como o varietal, Reserve Saint Martin Pinot Noir, importado pela Nunes Martins já utiliza a rosca com sucesso.
9.1.09
Arte em um Bag in Box
O Bag in Box, BIB, ainda não pegou no Brasil. Infelizmente. Mas na França seu sucesso levou o Château Puech Haut, do Sul da França, a lançar desde ano passado uma série personalizada de seus BIBs. Pintados por artistas renomados e em forma de barrica eles conferem classe e charme a esta apresentação.
Os pequenos containêrs de 5 litros são em séries limitadas e até o momento 120 artistas participam da aventura, dentre eles Di Rosa, Calvet e Marc Guyot. Os BIBs viraram peças de coleção de aficionados. Arte e vinho caminham juntas no Languedoc Roussillon. Resta ver se Vincent Kieffer, da KB-Vinrose, importadora do Puech Haut no Brasil tem planos de trazê-los.
Quem sabe este ano o BIN emplaca no Brasil?
6.1.09
Alerta de José Augusto Saraiva, sócio da importadora Vitis Vinifera
Rogerio Rebouças
Prezados amigos do vinho
os tambores de guerra soam também por aqui.
Em sua recente reunião do dia 12 de dezembro, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados revelou uma estratégia comum de produtores de vinho e orgãos governamentais que coloca em sério risco a oferta e os preços de vinhos importados no Brasil. Vejam a seguir um resumo das propostas apresentadas:
A) Impostos
Desejam estabelecer uma taxa de aproximadamente R$ 5,00 por garrafa de vinho importado para substituir a cobrança do Imposto de Importação. Durante a discussão do tema, circulou a informação de que "alguns ministros não gostam ou não aceitam a idéia" e preferem manter a cobrança de um percentual, indicando que o mesmo deveria ser aumentado dos atuais 27% para 55% (isso mesmo, mais de 100% de aumento no Imposto de Importação).
B) Burocracia
Além de outras propostas, querem que:
1.os rótulos de vinhos importados contenham, em português, a classificação do vinho (por exemplo "vinho tinto seco"). Informação essa que já é obrigatória no contra-rótulo. Isso seria um desastre pois os pequenos produtores de vinhos extraordinários jamais poderiam criar um rótulo diferente para vendas de pequenas quantidades.
2.as garrafas ganhem um selo fiscal. Outra providência exorbitante uma vez que os impostos são cobrados enquanto as mercadorias encontram-se sob a guarda da Receita Federal. Isso obrigaria a que cada caixa fosse aberta no porto e os selos fossem aplicados individualmente. Podem imaginar o custo dessa operação?? Conhecendo a agilidade dos portos brasileiros, imaginam o tempo que isso ia exigir?
3. não seja aprovada a proposta do Ministério da Agricultura de abolir a retirada de garrafas para amostra, de acordo com um novo procedimento que viria a ser implantado visando a simplificação dos procedimentos de análise do vinho
Como podem ver, nenhuma das propostas favorece o consumidor. Todas implicam em aumento de custos, seja por via direta de impostos ou indireta de custos operacionais.
Creio de devemos levantar a voz contra essas mudanças.
Com a palavra, os consumidores.
Abraços
José Augusto Saraiva
5.1.09
Comprar vinho em supermercado não é pecado
Publicado originalmente no guia JB Vinhos do Jornal do Brasil
Quando a mulher começou a ir às compras e escolher o vinho da casa o consumo mudou. Num passado não muito distante o consumidor francês se considerava, com ou sem razão, um especialista e escolhia seus vinhos baseado no prestígio das diversas Denominações de Origem Controlada (AOC - Appelation d'Origine Contrôlée). Hoje as mulheres e uma nova geração de compradores possuem uma abordagem mais intuitiva no momento da compra. O que exige uma clareza maior das informações sobre o vinho e sua harmonização.
Grandes marcas de vinho acolheram esse novo cliente e criaram variedades mais fáceis de entender e com sabores que pouco variam de safra para safra. Se por um lado é uma padronização de vinhos e gostos, de outro é uma porta de entrada suficientemente ampla para receber os novos consumidores e ampliar o mercado. Este segmento é composto notadamente de varietais e de AOCs básicos, de boa qualidade, bons preços e feitos para o dia a dia.
Mas vinho é paixão. Se as moças conseguiram chegar às finais do Concurso foi por serem, antes de tudo, apaixonadas por vinho. E o francês, conhecido por ser pão duro, é apaixonado por fazer grandes barganhas. Muitas vezes me aconteceu de tomar um belo vinho na casa de amigos e este me contar que pagou uma ninharia num supermercado. O francês faz questão de dizer que pagou pouco e que foi econômico. Talvez a escassez e a penúria dos tempos de guerra tenham ficado no inconsciente coletivo.
Comprar vinho em supermercado não é pecado. Foi-se o tempo em que os supermercados não possuíam uma boa seleção de vinhos, adegas centrais de estocagem, compradores especializados e profissionais preparados para orientar o cliente. No Hexágono, outra maneira de chamar a França, Michel-Edouard Leclerc, diretor geral da E.Leclerc, uma das maiores redes de supermercados, lançou o Foire aux Vins, literalmente feira do vinho, nos anos 80, hoje uma instituição nacional. Todos fazem sua feira, mesmo as melhores delis, empórios e sites especializados. Uma grande seleção de vinhos é colocada em promoção. São lançamentos, vinhos de prestígio, final de estoque e, claro, encalhes. No Brasil o supermercado carioca Zona Sul foi o primeiro a implantar, este ano, o conceito, com imenso sucesso. Lançou o encarte com o título de Festival do Vinho e promoveu dezenas de vinhos de importação exclusiva. O consumidor percebeu que a oferta era verdadeira e foi às compras. Cinquenta mil garrafas vendidas em apenas uma semana. O Festival veio para ficar.
O próximo passo para os melhores supermercados brasileiros é ir aos leilões de "vin primeur" (compra de grandes vinhos antes destes serem engarrafados) de Bordeaux, Borgonha e Limoux. Comprar produtos exclusivos, de alto nível e a melhores preços. Como faz há alguns anos o E.Leclerc, hoje o maior comprador de primeur de Bordeaux. Afinal, o mercado brasileiro está maduro para esta ousadia.