14.11.08

Uma filósofa na final francesa

Antoine Pétrus(esquerda), Hervé Schmitt, Pascaline Lepeltier e Manuel Peyrondet na grande final do concurso de melhor sommelier da França realizado em Perpignan, Sul da França.

Se a profissão de sommelier ganhou força na França com certeza o lançamento do concurso nacional de melhor sommelier em 1960, foi um impulso. Na época a profissão estava em vias de desaparecimento e mesmo a literatura profissional era rara. Isso lembra o Brasil de uns anos atrás quando Danio Braga criou a ABS com três gatos pingados. Hoje tanto na França como no Brasil a profissão respira o sucesso e o reconhecimento. Na final do Concurso francês de melhor sommelier duas mulheres na semifinal Pascaline Lepeltier, compradora de vinhos do Rouge Tomate de Paris e Julie Dupouy do The Mill, na Irlanda. Pascaline chegou à grande final.
Pascaline tem um percurso profissional muito interessante e diferente. Formada em Filosofia se apaixonou pelo vinho ainda durante a formação acadêmica graças um dos seus professores que era louco por vinhos da Borgonha. Tentou mudar e fazer um curso técnico porém seu currículo de alto nível era um impedimento. Acabou fazendo Turismo e Hotelaria na Universidade de Angers. Em 2006 foi eleita melhor aluna sommelier do Vale do Loire. Quando perguntada se existe uma relação entre vinho e filosofia ela se entusiasma e diz "Quando vejo crescer um pé de vinha me remeto aos grandes filósofos pré-socráticos, quando o suco da uva, o território e o trabalho de um homem se transformam em vinho eu penso no “élan” vital como nos grandes textos de epistemologia. Degustar um vinho é redescobrir a estética e eu revivo de certa maneira o Banquete de Platão a cada vez que abro uma garrafa com amigos ou desconhecidos”.