30.5.08

Hoje é dia de prova


Vista da laguna de Bages e do vilarejo.


Após duas semanas de aulas teóricas, visita de vinícolas de diferentes portes, a um centro de pesquisa e ao sindicato de produtores, CIVL, chegou o dia da prova final. Isso mesmo, hoje os alunos fazem a prova de enologia pela manhã. São 37 questões, 27 em múltipla escolha e 10 abertas. A pontuação exigida é de 75% por assunto estudado. Em seguida almoço no belo Le Portanel, em Bages, com vista para suas lagunas. Enquanto a professora Marie Valette corrige as provas, visitaremos ainda o Château Rouquette sur Mer com sua vista deslumbrante. Na volta entrega das notas e dos diplomas aos que fizerem jus. Na seqüência o Ministério da Agricultura e o CFPPA do Quatourze, nossa escola, oferecem aos alunos um "vin d'honneur". Como diria a Hilidegard Angel -"Chiquérrimo".

24.5.08

Alunos brasileiros fazem sucesso no Sul da França

Claudia Oliveira, aluna, aprende a fazer a poda em verde(epamprage) em La Livinière.
A primeira turma de Enologia brasileira no Sul da França está sendo um grande sucesso. Aulas de excelente nível técnico com perguntas que aprofundam a matéria e esclarecem os métodos utilizados no Languedoc e na França. Questões sobre o comportamento de castas oriundas de regiões mais frias ( merlot, chardonnay, cabernet sauvignon), sua adaptação ao clima Mediterrâneo e seu comportamento no Brasil, enriquecem o curso e provocam uma verdadeira troca de experiências.
Visitas técnicas em cantinas de diversos tamanhos e produzindo vinhos com diversos objetivos de mercado. Desde um pequeno produtor bastante artesanal com cubas de fibra e material de cantina bastante simples, mas aplicando as melhores técnicas de cultivo e vinificação num território excepcional o Minervois La Livinière, o primeiro Cru do Languedoc. O resultado foi que a degustação encantou a todos e supreendeu provocando um acesso de compras das safras de 98 e 99. No Brasil apenas a 2002 é vendida pela Vitis Vinífera.
Outra visita muito interessante foi no INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola) de Pech Rouge, em Gruissan a 12 kilômetros de Narbonne, o único centro exclusivamente viti-vinícola da França. Responsável dentre outros pela criação das tecnologias de eletro diálise (estabilização do vinho) e a badalada Flash Détente.
Prefeito pede encontro
Após o destaque na imprensa na última terça-feira o grupo foi convidado para um vin d’honneur por Jacques Bascou, Deputado Federal e prefeito de Narbonne, cidade de médio porte onde acontece o curso. Bascou quer ter um papo descontraído, "tête à tête", com os formadores de opinião brasileiros. O encontro deve acontecer na próxima sexta-feira às 18 horas, na sede da Prefeitura, na Catedral de Saint Just, entorno de vinhos do Languedoc.

23.5.08

Alunos do ,curso de Enologia são destaque na imprensa francesa



A imprensa francesa deu destaque, página dois, para a inédita presença de uma turma de alunos brasileiros no CFPPA de Narbonne, Sul da França.

21.5.08

Rápidas:

Um sucesso a visita do grupo de estudantes do curso de enologia ao Château de Saint Julien de Septime, o mais antigo celeiro da Abadia de Fontfroide, que data de 1093.

Hoje visita ao Domaine Aimé, Minervois La Lininière, um Cru, importado pela Vitis Vinífera, do Rio.

20.5.08

Começou o curso de Enologia

Joseph Morgan da ABS e figura carimbada na L'Orangerie, Laranjeiras, Rio, degusta um pinot blanc da Alsácia.


Começou o curso de Enologia Aplicação Profissional, para brasileiros, em Narbonne, Sul da França. Pela manhã apresentação do vinhedo francês e sua legislação, seguido de uma degustação. Após o almoço de confraternização com a direção geral acadêmica do sistema de formação profissional de jovens e adultos do Aude, o grupo foi ter uma palestra no CIVL, Comitê Interprofissional do Vinho do Languedoc, em sua sede numa antiga capela jacobina. Seguida de uma degustação de diferentes denominações do Languedoc. Depois eu conto mais.

19.5.08

Muscat o drink do verão


Desde 2006 as federações profissionais do Languedoc e do Roussillon promovem os diversos Muscat como o grande drink de verão. São vários: Lunel, St. Jean de Minervois, Frontignan e Rivesaltes. A campanha deste ano tem como slogan a frase "Aqui o aperitivo é o Muscat". É verdade, no Sul da França o Muscat não é tratado apenas como um vinho de sobremesa ou que acompanha muito bem o "foie gras". Gelado ou mesmo com gelo o Muscat é figurinha fácil antes do almoço ou jantar.
A campanha mostra um Muscat moderno servido à moda James Bond ou Sex and the City. Brinca com as azeitonas, outro produto típico da região, e com o verão. Como vocês sabem Artur Azevedo, presidente da ABS-SP, agradeceu aos deuses o Muscat de St. Jean de Minervois Vendanges d'Autonne e Eclats Blancs, da cooperativa de St. Jean de Minervois. Descubra-os você também.

17.5.08

Por dentro do I curso de enologia


Catherine Olés e Marie Valette profesoras do CFPPA de Narbonne


Os preparativos para a chegada da primeira turma de brasileiros a cursar a formação Enologia Aplicação Profissional no Sul da França, tem me tomado muito tempo. Mas o programa ficou legal, as aulas estão traduzidas, as visitas técnicas estão todas agendadas e toda a logística organizada e definida. Não é pouco.
Desde a escolha dos restaurantes com critérios de tipicidade, preço, localização e carta de vinhos até dos proprietários dos vinhedos e técnicos que irão transmitir seus conhecimentos tudo foi planejado. Os vinhedos visitados são em condução sustentada e orgânica, ou como se diz por aqui, "biô". As vinícolas visitadas são de diferentes denominações de origem e dentro destas em diferentes terroirs, formas de vinificar e cortar os vinhos. Corbières terroirs Fontfroide, Lagrasse e Sigean (de um total de onze) Minervois, Coteaux de Languedoc La Clape, Fitou, Côtes du Roussillon, Banyuls, Limoux terroir Autan e Haute Valée. Assim veremos produtores de vinhos, espumantes e fortificados. Além de um encontro com a direção da Câmara de Agricultura que oferece o suporte técnico aos agricultores, o Comitê Interprofissional do Vinho do Languedoc (CIVL) e uma visita às instalações de pesquisa do INRA em Gruissan (veja artigo sobre o vinho de 10º abaixo).
A participação de três professores diferentes Catherine Olés, bióloga formada em Bordeaux, Marie Valette, enóloga e produtora e Bertrand Folet comercialização do vinho e ex-produtor, para que se tenha uma diversidade maior no aprendizado. Tudo planejado meticulosamente para que se tenha uma boa formação teórica e prática. Que nossos alunos não apenas aprendam a vinificar, mas que conheçam em profundidade o Languedoc Roussillon, seus terroirs, sua cultura e os personagens que dão vida a estes vinhos maravilhosos.
Falando em cultura a Septimanie, o atual Languedoc Roussillon, a mais romana das províncias do Império, era mesmo uma civilização diferente que foi conquistada pelo Rei de França na cruzada Albigense. Aqui, ainda se fala “oucitan” um "patois" mais latino que o francês.

14.5.08

Alunos do curso e enologia visitarão vinhedo Bio

Os alunos brasileiros do cusro de Enologia Aplicação Profissional, do CFPPA do Aude, visitarão durante a formação o Cellier de Ségur em Ribaute, nos Corbières. A inclusão de uma propriedade em bio (orgânica no Brasil) amplia o horizonte dos alunos. Em Ribaute há muitos anos diversos produtores optaram pela condução do vinhedo de forma bio. As demais visitas serão em condução raisonée ( razovel, sustentada) que podemos chamar de ecologicamente corretas. Mais não são biodiversidade nem orgânicas.

12.5.08

"Dix de Pech Rouge" tem apenas 10º vol



Alunos do curso de Enologia para brasileiros no Sul da França vão conhecer vinho experimental do INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola) que tem apenas 10º de álcool. O centro de pesquisa Pech Rouge do INRA, no vilarejo de Gruissan, no Languedoc, Sul da França, desenvolveu e acaba de lançar o "Dix de Pech Rouge”. Fruto de muita tecnologia: nova variedade de pés, leveduras, técnicas de fermentação, enfim tudo menos OGM, precisa Jean-Louis Escudier diretor do Instituto.
Mas por qual motivo fazer um vinho a 10º vol.? Simples questão de facilitar a vida de quem vai dirigir, por exemplo. Não é um grande vinho e não era este o primeiro objetivo da pesquisa. O vinho original deveria atingir mais de 14ºvol. Os primeiros dois graus o consumidor sequer percebia a diferença. Mas fomos mais longe. As pesquisas foram apoiadas por grandes indústrias como Pernod Ricard e pela Federação Nacional de Vinhos Regionais.
Lembro ao leitor brasileiro que na França e na Europa a fiscalização da polícia para combater o excesso de álcool no volante é rigorosa e intensa. O uso de teste com bafômetros, especialmente à noite e na saída de bares e mesmo de restaurantes é muito comum.
A qualidade do vinho? Vamos provar juntos na próxima semana, mas não esperem muito, é um vinho pro dia a dia. Afinal, é o primeiro teste. O preço um é um pouco salgado 4€. O que se justifica pelo grande uso tecnológico nesta fase experimental e pelo pequeno volume produzido. Qual seria o preço justo para um vinho dia a dia? Entre dois e três euros.

9.5.08

Sul da França se prepara para receber alunos do Brasil

Vinhedo de St Jean de Minervois e seu muscat petit grains que caiu nas graças de Arthur Azevedo.

Pra semana chegam os alunos do I Curso de Enologia na França para brasileiros. Será em Narbonne no CFPPA do Aude. A recepção será com pompa e circustância. Afinal, é o primeiro grupo brasileiro que vem estudar no Sul da França e conhecer o maior vinhedo do mundo. Para quem quer saber mais sobre esta região sugiro a Wine Style deste bimestre. Está show de bola. Continue a acompanhar o Blog e fique por dentro das novidades. Ah, o II Festival de Sabores do Sul da França ocorrerá de 3 a 12 de outubro deste ano no Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Depois conto mais, tá cedo.

8.5.08

Mercado regula choro e a alegria do viticultor brasileiro



Tenho lido nos fóruns de vinho a chiadeira de alguns viticultores brasileiros que trocaram suas castas de mesa por vitis viníferas. O choro tem haver com a perda de mercado do vinho nacional para chilenos e argentinos. É bem verdade que a participação do vinho brasileiro tem caído ano a ano e neste início de ano ainda mais. Por outro lado os espumantes brasileiros estão em alta. Ganharam 10% de market share em 2007, mais 890 mil litros e repetem a dose no primeiro bimestre. O espumante argentino é o grande perdedor de 2007 com menos 1,15 milhões de litros e os italianos com menos 174 mil litros. França estável. (fonte Uvibra).
Por que será? O vinho brasileiro é nitidamente inferior a argentinos e chilenos e mais caro. O espumante brasileiro é infinitamente melhor do que os argentinos, chilenos e do que a grande maioria de espumantes italianos e mesmo de alguns franceses feitos pelo método de charmat. Parabéns ao viticultor brasileiro pelo seu espumante que só não é melhor que os bons Crémant de Limoux e Blanquette de Limoux do Sul da França.
O solo e o clima ajudam o Brasil a produzir um bom espumante e estão aí os recentes concursos Muscat e Chardonnay do Mundo que atestam e premiam sua qualidade. Por outro lado temos nossos vinhos tranqüilos que enfrentam, em geral, grande dificuldade climática para nos darem belas uvas. Muito tratamento e muita tecnologia exigem muito investimento e o resultado é preço alto.
O mercado está se regulando e se tem viticultor chorando de um lado do outro temos produtores felizes com a explosão dos espumantes nacionais. Se os impostos baixarem e se o vinho for tratado como alimento o consumo vai explodir. Basta baixar os preços.
E a pergunta que não quer calar: - Como o vinho brasileiro consegue ser tão caro? Vinho brasileiro a 100 reais? Quarenta euros? Desculpe mas pelo mesmo preço prefiro um Château Beychevelle, Saint Julien, Grand Cru Classé ou meia caixa de Cuvée Mythique Corbières.

5.5.08

Zona Sul traz o "Foire aux Vins" para o Brasil

O supermercado carioca Zona Sul lançou nesta sexta-feira o primeiro "Foire aux Vins", Feirão ou Festival do Vinho, no Brasil. O conceito é europeu e traz para o público uma grande oferta de vinhos a preços imbatíveis. É o momento de encher sua adega, seja pela grande variedade de produtos em preços promocionais seja por apresentar novidades. Na Europa são dois por ano o da primavera e o do outono. Pela estação do ano podemos dizer que este é o da primavera. O do outono coincide com a colheita da nova safra o que obriga realmente a esvaziar as prateleiras.
Curiosidade desta bela iniciativa do Zona Sul foi que ela surgiu de um papo com este blogueiro mês passado em Paris. Jantava no La Coupole, em Montparnasse, com Jaime Xavier, diretor do melhor supermercado carioca, quando lhe contei o que era o "Foire aux Vins" e que achava que havia espaço para esta iniciativa no Brasil. Ao voltar ao Rio Jaime, Claudio Pinto e o craque Dânio Braga deram tratos à bola e "le voilá" temos o primeiro Festival de Vinhos do Zona Sul.
São 68 vinhos de marcas de importação exclusiva a preços promocionais. Alguns recém lançados no Brasil como o Côte du Rhône Vielles Vignes medalha de prata no prestigiado Concurso de Grandes Vinhos da França, de Mâcon por R$16,98 e o Crémant de Limoux rosé, do Sul da França, a R$ 33,70, uma pechincha. Além de vinhos franceses há chilenos, italianos, argentinos, sul africanos, portugueses, espanhóis e australianos. Boas compras.

Leia abaixo matéria publicada ano passado no Blog.
Neste momento na França começam os Foire aux Vins da primavera. Para quem não conhece é um momento não apenas de venda de vinhos "encalhados", queima de estoque ou de oportunidades para os clientes. Muitos produtos que não são vendidos regularmente em um supermercado, cavista ou loja virtual são oferecidos. Mesmo restaurantes participam apresentando momentaneamente vinhos que não constam da sua carta habitual. O Feirão abre oportunidade para novos produtores, testa novos produtos e atrai milhares de consumidores. Uma fórmula que poderia funcionar muito bem no Brasil.
Neste momento, aqui na França, mesmo supermercados hard discount colocam produtos de alta qualidade para sua clientela.
Carrefour e Casino, no Brasil Pão de Açúcar, fazem o mesmo com grande destaque em seus encartes. É interessante notar que muitos consumidores aproveitam este momento para comprar novidades que normalmente não estão na gôndola, pois como é o Foire aux Vins os produtores lutam para participar e oferecem preços diferenciados para este momento, na expectativa de que seus produtos sejam bem aceitos e encontrem novos consumidores. O lojista também tenta neste momento sair da mesmice e atrair a curiosidade de sua clientela. O Carrefour mais próximo da minha casa, em Narbonne, Sul da França, cidade de 60 mil habitantes, colocou mesmo um sommelier para orientar os clientes, pois havia tantos vinhos novos de diferentes procedências da França e até do exterior que se fazia necessária uma orientação para os mais interessados. Afinal, a população do Sul da França é bairrista como no Rio Grande do Sul e dá preferência aos vinhos locais.
Os descontos variam de 5 a 50% mas isto não é o mais importante, muitos simplesmente aparecem nas prateleiras e cartas de vinho pela primeira vez.

1.5.08

Recordações da Expovinis


Volto hoje para o Sul da França após 15 dias de Brasil. Desta vez estive no Rio e em São Paulo. Nessas andanças pela Paulicéia descobri o restaurante Abujamra em Santana do Parnaíba. Que grata surpresa a cidadezinha, me fez lembrar das cidades históricas mineiras. No Abujamra matei a saudade da cozinha sírio-libanesa que não acho no meu Languedoc. Na França a cozinha árabe é a do norte da África onde predomina o couscous e o carneiro.
No Rio reencontrei Paulo Gomes, o Paulinho, da Pousada Terras Altas, Visconde de Mauá - RJ, antigo companheiro de lutas estudantis. Alunos do curso de enologia que mereciam muito mais atenção da minha parte. Trocaram comigo algumas palavras no stand da França. Entre uma degustação e outra. Tudo muito rápido.
Legal ver a nova edição da Wine Style, de Arthur Azevedo, onde a matéria de capa e duas outras são sobre o Languedoc. Vale dizer que gostei do texto e das fotos. Subestimei as qualidades jornalísticas de Arthur. Achava que era mais forte no vinho. Lêdo engano. Quem nasce em redação aprende a escrever por osmose. Vale a leitura.
Até para semana. Fui.