23.11.08

Mundial biô nasceu clandestino

Thierry Julie, Associação Interprofissional do Vinho Biológico do Languedoc -Roussillon

Na véspera do Forum Internacional de Montpellier que reúne importadores convidados pela Região Languedoc Roussillon e produtores do Sul da França, acontece em Perpignan o Mundial Bio, o mundial do vinho orgânico. Quem lidera o evento é a Associação Interprofissional do Vinho Biológico do Languedoc -Roussillon, AIVB-LR. Fundada em 1991 ela reúne hoje 100 adegas privadas, 4 cooperativas e 7 empresas de distribuição (negociantes). A Federação tem como objetivo promover o vinho de origem orgânica junto ao consumidor, oferecer conselhos técnicos aos seus membros e de representação destes junto aos organismos públicos.
Thierry Julie, presidente da AIVB-LR nos conta que o primeiro salão Millésime Bio realizado em 1993 era um evento ultra confidencial, quase clandestino. Na época reunia meia dúzia de produtores do Languedoc-Roussillon e não tinha qualquer visibilidade. Era um salão feito para nossos amigos e clientes alemães. Estes tinham uma demanda constante por vinhos orgânicos. Com o passar dos anos se juntaram aos alemães os belgas, ingleses, suiços e americanos. Hoje temos asiáticos, cada vez mais numerosos que visitam o salão. A grande distribuição francesa (supermercados) comparece mais por curiosidade, uma pena, conclui Julie.
No Brasil começamos a ver os vinhos biô nos restaurantes e lojas especializadas.

19.11.08

A safra de 2009


Enquanto o balanço oficial não sai e o vinho não está pronto a imprensa começa a especular. Foi o caso de Le Figaro e Le Monde, não sem razão, afirmaram que Bordeaux e Borgonha tiveram dificuldades, pouca uva e safra de qualidade incerta. Alsácia e Champagne com bons volumes. Aqui eu digo: no Languedoc a falta de constância é a regra. Em regiões onde choveu pouco, a maior parte, a colheita foi pequena. Bons vinhos, mas pouco vinho. Exceção é Limoux onde a colheita foi abundante e de muito boa qualidade. Alain Gayda, diretor geral de Aimery Sieur d’Arques e ex-presidente a União de Enólogos da França está muito feliz com a millésime 08. Alain estará na festa do Zona Sul no dia 26 de novembro onde vai falar sobre seus vinhos, o Languedoc e a safra 2008.

14.11.08

Uma filósofa na final francesa

Antoine Pétrus(esquerda), Hervé Schmitt, Pascaline Lepeltier e Manuel Peyrondet na grande final do concurso de melhor sommelier da França realizado em Perpignan, Sul da França.

Se a profissão de sommelier ganhou força na França com certeza o lançamento do concurso nacional de melhor sommelier em 1960, foi um impulso. Na época a profissão estava em vias de desaparecimento e mesmo a literatura profissional era rara. Isso lembra o Brasil de uns anos atrás quando Danio Braga criou a ABS com três gatos pingados. Hoje tanto na França como no Brasil a profissão respira o sucesso e o reconhecimento. Na final do Concurso francês de melhor sommelier duas mulheres na semifinal Pascaline Lepeltier, compradora de vinhos do Rouge Tomate de Paris e Julie Dupouy do The Mill, na Irlanda. Pascaline chegou à grande final.
Pascaline tem um percurso profissional muito interessante e diferente. Formada em Filosofia se apaixonou pelo vinho ainda durante a formação acadêmica graças um dos seus professores que era louco por vinhos da Borgonha. Tentou mudar e fazer um curso técnico porém seu currículo de alto nível era um impedimento. Acabou fazendo Turismo e Hotelaria na Universidade de Angers. Em 2006 foi eleita melhor aluna sommelier do Vale do Loire. Quando perguntada se existe uma relação entre vinho e filosofia ela se entusiasma e diz "Quando vejo crescer um pé de vinha me remeto aos grandes filósofos pré-socráticos, quando o suco da uva, o território e o trabalho de um homem se transformam em vinho eu penso no “élan” vital como nos grandes textos de epistemologia. Degustar um vinho é redescobrir a estética e eu revivo de certa maneira o Banquete de Platão a cada vez que abro uma garrafa com amigos ou desconhecidos”.

13.11.08

Manuel Peyrondet eleito melhor sommelier da França em 2008

Numa final disputadíssima em que se confrontaram Antoine Petrus, melhor jovem sommelier de France 2007, do hotel Crillon de Paris, Pascaline Lepeltier, do “Rouge Tomate Group’, também de Paris e Hervé Schimitt do “Relais de la Poste” da cidade de La Wantzenau no Baixo Reno, que teve como vencedor Manuel Peyrondet , do parisiense Taillevent. A final aconteceu nesta segunda feira em Perpignan, Sul da França.

Manuel de 28 anos que foi eleito melhor jovem sommeleir em 2005 e que foi finalista em 2006 disse que naquela ocasião “faltou maturidade, isto é faltaram garrafas.” Este ano estava mais maduro, estudou muito os livros e degustou “in loco” diversas regiões produtoras.

A novidade foi que pela primeira vez tivemos uma mulher na final, Pascaline Lepeltier. Mas esta fica para amanhã.

7.11.08

A linda paisagem outonal no Languedoc



Paisagem de outono em Carcassone, Sul da França.

Numa semana cheia de feriados, Finados e Armistício, o tempo fica curto e o blogueiro arisco.
Mas o que mais me agrada no momento é a paisagem outonal. As folhas se agarram à vinha esperando que o vento as derrube. Enquanto isto me deleito com um colorido que preenche a paisagem com tons que vão de um vermelho grená, como o da camisa do meu tricolor, ao verde, também do Fluminense, passando por marrom, laranja e um amarelo que se declina em muitas tonalidades. Maravilhoso.

4.11.08

Vinho orgânico chega a 10% das propriedades nos Pirineus Ocidentais


A reconversão de vinhedos no Sul da França e notadamente no Roussillon alcança a marca de 10% das adegas particulares, isto é, sem contar as adegas cooperativas. São 54 produtores que totalizam 858 hectares contra 30 mil hectares em agricultura tradicional ou sustentada (raisonée), ou seja, 2,8% do total cultivado. No Languedoc Roussillon são 350 produtores e 5500 hectares cultivados de modo orgânico ou biodinâmico, a maior concentração da França. A demanda por vinho biológico ou orgânico vem crescendo no mercado mundial o que estimula a reconversão.
A viticultura tradicional está sendo substituída a largos passos pela sustentada, não se trata de biológica, mas podemos considerá-la ecologicamente correta. Esta é a que mais cresce em toda a França. Esta limita o uso de defensivos, diminui as dosagens e se adapta às reais necessidades do vinhedo, o que gera economia e estimula o agricultor. A biológica não aceita o uso de defensivos que contenham moléculas sintetizadas e busca combater as pragas e doenças em sinergia com a natureza. A biodinâmica além de utilizar os mesmos critérios da orgânica procura estimular a natureza a gerar defesas, mas seus métodos não possuem valor científico comprovado.

31.10.08

16º Salão do Vinho Bio é agora o Salão Mundial do Vinho Bio 2009



O Salão do Vinho Bio deixa de ser francês e com o apoio de Sud de France passa a ser o Salão Mundial do Vinho Bio, orgânico, Millésime Bio, com mais de 300 expositores de França, Inglaterra, Portugal, Alemanha, Espanha, Itália, Rumênia,...Vai ser de 26 a 28 de janeiro em Montpellier no Parque de Exposições, o Rio Centro do Sul da França. Inscrições abertas.

27.10.08

Nos lares mais velhos se bebe mais

Taxa de penetração e intensidade de compra para diferentes categorias de vinhos em função e da idade dos lares.


A venda de vinhos franceses nos lares onde a pessoa responsável pelas compras possui menos de 35 anos a intensidade das compras e o nível de compra são mais baixos. No entanto a taxa de penetração de 78% reflete a existência de uma boa clientela entre os jovens. Informa-nos a Pesquisa Viniflhor Infos 157 de outubro 2008.Ah, se tivéssemos estes números no Brasil.
Se os AOCs e VDT estão em queda neste segmento os VDP estão em alta de 24,4%. O jovem casal está apostando um bom varietal. Mas são os AOCs que dominam com 63,7% das compras. Vale destacar que os brancos estão com importantes 23% do mercado nesta faixa etária.De 30 a 49 anos a taxa de penetração é de 84% e acima de 50 a mesma taxa é de 91% e os tintos dominam com 64% da preferência.
Outro dado interessante é a forte valorização dos AOC Coteaux du Languedoc, Saint Chinian e Faugéres, 68% e 53% respectivamente. Côtes du Roussillon mais 7%. Corbièeres menos 3% e Minervois menos 6% o hectolitro. Tudo Sul da França.

23.10.08

Vinho tinto reduz em 60% risco de câncer do pulmão nos homens fumantes




Duas taças de vinho tinto ao dia, para os fumantes, pode reduzir o risco de câncer nos pulmões em 60%, para os homens. A outra solução segundo os médicos é parar de fumar.


Fonte:Departemento de Pesquisa e Avaliação Médica do Medical Kaiser Group em Pasadena, EUA, publicado na revista Cancer Epidemiology , Biomarkers & Prevention".

22.10.08

Francês adora AOC bom, barato e prefere tintos


Hoje analisaremos o gráfico de consumo dos vinhos AOC (VQPRD), denominação de origem controlada, produzido por Viniflhor Infos, em outubro, edição número 157. A série histórica nos mostra a evolução do consumo da campanha de 1999/2000 até a de 2007/2008. Lembro aqui que tal qual nos campeonatos de futebol as temporadas compreendem dois anos e vão de verão a verão, isto é, de colheita a colheita.
A primeira leitura que fazemos é que na faixa abaixo de 2€ os AOCs enfrentam a concorrência direta dos vinhos regionais (Vin de Pays -VDP) e vinhos de mesa (Vin de Table - VT). Neste segmento em relação à campanha anterior há uma queda no consumo de 4,8%. De 3,50€ a 2€ ocorre uma quase estabilidade do consumo e na faixa superior dos vinhos, acima de 3,50€, há um incremento na escolha do consumidor de 4,6%. Os lares franceses quando realmente querem um bom vinho buscam um AOC. 68,2% dos lares optam por um AOC quando o preço é superior a 2,50€ o litro. Realmente é a partir desta faixa de preço que começaremos a encontrar vinhos bons na categoria. De 4€ a até 6€ é a maior faixa de consumo para os AOCs. Neste segmento de preço encontraremos vinhos muito bons com preços bem abordáveis. É aqui que o francês pratica seu esporte preferido descobrir, escolher e comprar um vinho muito bom por um preço razoável. Achar pechinchas é um esporte nacional.
Se a quantidade de AOC comprado está em recuo de 3,8% ou seja de 2,28 litros por lar, por outro lado o preço médio subiu de 7,3% e este é de 4,09€ o litro.Os AOCs representaram 53,3% do volume total dos vinhos comprados pelos lares franceses, nos circuitos de distribuição tradicional, excetuando os consumidos no local, como restaurantes e bares. Representando em valor 73% das vendas de vinhos tranquilos. Os tintos são 64%, os brancos 20% e os rosados 16%. A queda dos rosés este ano se deve, sobretudo a questões meteorológicas. O verão fraco não ajudou a estimular o consumo.
Aqui vale lembrar como o rosado é bem adaptado ao clima do Brasil com seu longo verão. É certo que as vendas cresceram nos últimos anos a na terrinha, mas com o longo verão tropical o seu consumo deveria ir às alturas e brigar mesmo com as cervejas.
Amanhã tem mais.

21.10.08

Francês sem grana bebe vinho espanhol e italiano

Tabela mostra a estrutura da compra de vinhos na França em 2007/2008.


Estudo realizado por Viniflhor, Oficio Nacional Interprofissional de Vinhos, Frutas, Legumes e Horticultura, e publicado neste mês de outubro sob o nº157- Viniflhor Infos-, mostra uma série de estatísticas sobre produção e consumo de vinho na França região por região. Trago hoje uma delas que mostra o consumo do vinho na França por faixa de preço e por tipo de vinho.
O que salta primeiro aos olhos é que existe uma categoria de vinhos abaixo de 1€, o que daria no câmbio da semana R$ 2,80, o litro. E como com o custo França não tem mágica nesta faixa de preço aparece com destaque o vinho estrangeiro. Isso mesmo 24% dos vinhos mais baratos consumidos na França são vinhos em geral da Espanha e Itália. Quase não se encontra vinho AOC (VQPRD) nesta faixa de preço. Este é o segmento típico do vin de table, um vinho muito popular, às vezes vendido em garrafão. Mas não confunda com o garrafão brasileiro este aqui da França é proveniente de uvas viníferas e não de uvas de mesa.
Outro dado interessante é a força do vin de pays (VDP), o vinho regional, nos segmentos mais baratos, mesmo quando o preço ultrapassa os 2€ sua presença é forte e os vin de table tendem a sumir. Lembre-se vin de pays não é sinônimo de vinho ruim, está muito mais para varietal, vinho de consumo diário e fácil de beber. Mas o que também se vê é que os AOCs ganham espaço em todas as faixas acima de 1,5€. Digo mais, num "hard discount" e mesmo num grande supermercado dá para comprar AOCs simples e corretos nesta faixa de preço. Neste caso eu prefiro um VDP, vai ser mais recompensador. Isto se vê também no Brasil com os vinhos franceses. Exemplo os varietais franceses vendidos no Zona Sul do Rio, Super Nosso de BH e mesmo no Pão de Açúcar que não é um especialista apesar da origem francesa. Acima dos 3,5€ uma faixa quase exclusiva dos AOCs. O segmento alto tem dono na França, diferentemente do Novo Mundo.

O vinho é simples e belo como um gol de bico
O mais interessante de toda a tabela é que o francês bebe vinho barato. O brasileiro muito influenciado por modismos e outras ondas fica buscando vinho caro. Como diria Machado de Assis em seus contos Fluminense "a felicidade pode estar num par de botas". Não precisa ser um iate ou um Grand Cru Classé. O vinho é democrático e pode e deve caber no bolso de todos. É o companheiro ideal de uma refeição, mesmo caseira, de um papo entre amigos e de encontros amorosos. Vinho é alegria, festa, congraçamento e simplicidade. Simples e belo como um gol de bico.
Amanhã publico e comento outra tabela.

20.10.08

Resultado oficial do I CONCURSO ABS RJ DE VINHOS DO SUL DA FRANÇA

Terroir d'Autan de Toques et Clochers da Sieur d'Arques foi o medalha de ouro entre os brancos, à venda nos duty free shops dos aeroportos brasileiros.

No dia 06 de outubro passado, segunda-feira, a ABS RJ realizou com êxito no Hotel Sheraton, a convite da Comissão Organizadora do Festival Sabores do Sul da França, o I Concurso de vinhos do Sul da França.
Foram inscritos 40 exemplares entre brancos, rosados e tintos, de diversas importadoras.
O juri foi formado por Euclides Penedo Borges, Ricardo Farias, Fernando Miranda e Luiz Malzone, pela ABS RJ, e pelos senhores Alexandre Lalas (Jornal do Brasil), Rodrigo Leal (Bistrô Montagu), Joseph Morgan Jr. (convidado, instrutor da ABS) e Didú Russo (jornalista, apresentador de televisão, São Paulo). As degustações foram realizadas às cegas e os vinhos identificados a posteriori com base no número indicativo de cada amostra. Devido ao grande número de exemplares, os tintos passaram por uma seleção prévia, às cegas, na sede ABS RJ, no Flamengo.
O juri agraciou os vinhos seguintes nas categorias Tintos, Rosados, Brancos e Custo-benefício (menos de R$ 40,00):

TINTOS
Ouro 01 - Château de Ribaute 2003 Charles Cros - Importadora Barrinhas
Ouro 02 - Château La Bastide Cuvée L'Optimée 2004 - Importadora Decanter
Prata 01 - Château de Erles Fitou 2003 Jacques et François Lurton - Importadora Zahil
Prata 02 - Cuvée Kermès Domaine de Galtier 2002 Jean et Lise Carbonne - Importadora Taste-Vin
Prata 03 - Château Puech Haut Rouge 2004 - Importadora Cilomex- KB Vinrose
Bronze 01 - Domaine Monplezy Felicité 2004 - Importadora Maramar
Bronze 02 - Moulin de Ciffre Saint Chinian 2003 - Importadora Taste-Vin
Bronze 03 - Château des Aveylans Templiers Rouge 2005 - Importadora Casa Flora
Bronze 04 - Marselan Charles Cros 2006 - Importadora Barrinhas
Bronze 05 - Delicatesse Rouge Charles Cros 2003 - Importadora Barrinhas.

ROSADOS
Ouro
- Mourgues du Gres Rosé 2006 François Collard - Importadora Maramar
Prata - Château Puech Haut Rosé 2007 - Importadora Cilomex
Bronze - Arpège Rosé Charles Cros 2006 - Importadora Barrinhas

BRANCOS
Ouro - Limoux Blanc Toques et Clochers 2005 Aimery Sieur D'Arques - Importadora Dufry
Prata 01 - Sauvignon Blanc Les Fumées Blanches 2006 Jacques et François Lurton - Importadora Zahil
Prata 02 - Château Puech Haut Blanc 2006 - Importadora Cilomex
Bronze 01 - Domaine de La Bastide Viognier 2006 - Importadora Decanter
Bronze 02 - Cuvée Mytique Blanc 2005 Vignerons de la Mediterranée - Importadora Reloco

CUSTO-BENEFÍCIO
Ouro - branco Sauvignon Blanc Les Fumées Blanches 2006 Jacques et François Lurton - Importadora Zahil
Prata - tinto Marselan Charles Cros 2006 - Importadora Barrinhas
Bronze - tinto Délicatesse Rouge Charles Cros 2003 - Importadora Barrinhas."

17.10.08

Université - Uma reflexão sobre o vinho


Terminada a colheita passamos à reflexão. Não sem antes comemorarmos a chegada da nova safra com o "vin primeur". É de hábito na França realizar anualmente uma Université, todos os partidos políticos realizam a sua ao fim do verão. Trata-se de um grande encontro com animações, debates, degustações, exposições, conferência e tudo mais que couber para badalar e refletir sobre o vinho.
Este ano a associação Pays Corbières Minervois, que recebe boa ajuda dos diversos órgãos públicos municipais, regionais, europeus e sindicais realiza sua versão 2008, a terceira. Sou bastante crítico quanto à forma do uso deste dinheiro dos produtores e dos cidadãos. Acho que não é a melhor maneira de debater e de criar políticas comuns que aumentem a visibilidade dos vinhos da região e que melhorem a compreensão por parte dos viticultores dos caminhos que devem trilhar para sobreviver e viver do seu trabalho. Acho que é mais uma ação entre amigos e políticos para comprar umas caixinhas de vinho aqui e acolá, fazer um agrado clientelista e calar a boca dos insatisfeitos. Mas os temas deste ano me estimulam a ir dar uma olhada de perto em alguns debates.
O tema central- "É o vinho um produto cultural?" e seguem as perguntas: O que herdamos nós? Que lugar tem o vinho na nossa história? Será ele um patrimônio? Quais são nossas forças, nossos deveres e esperanças para uma viticultura durável? Como os homens moldam uma história, desenham uma economia e criam sua própria riqueza?
Como historiador que fui só a última pergunta me provoca milhares de questionamentos desde sua formulação até uma resposta mais metódica. Sem entrar nestes meandros doutrinais o objetivo desta Universidade é de debater o vinho como identidade cultural que molda a paisagem da região do Languedoc desde a antiguidade até os dias de hoje. E mais uma pergunta se coloca "Existe vinho sem identidade?". Haja pano para manga.
A Universidade acontecerá em Lézignan-Corbières e suas cidades próximas nos dias 24 e 25 em paralelo aos eventos do Vin Primeur.
Depois eu conto como foi.

15.10.08

"Le vin Primeur est arrivé", o Vinho novo chegou. Vendas em alta.


Chega nesta quinta-feira, dia 16 de outubro o primeiro vinho novo da França. Depois da explosão da venda dos rosés no último verão francês e também no mundo a fora chegou a vez do vinho novo, o vinho primeiro. A cada ano no Languedoc este ganha mais espaço e a sua chegada é sempre uma festa nas cidades. Um verdadeiro encontro eno-gastronômico dos amantes do vinho. A colheita tardia deste ano estão terminando no Languedoc-Roussillon.
Os vinhos deste outono serão vivos, leves, de boa acidez, cores quentes que tendem para o laranja e que exaltam os aromas de frustas frescas. É a hora de tomar uma taça com os amigos.

Como de hábito os vinicultores abrem nesta quinta feira seus vinhos para que o público possa descobrir os vinhos novos. Este ano serão mais 270 mil garrafas que em 2007 apenas no Aude, o mais importante departamento produtor do Languedoc. Este vinho de sede terá repartido assim no Aude: 83% tinto, 17% branco e 1% rosé.
A festa "Saveurs de l'Aude" começa nesta quinta, dia 16 e termina no dia 21 por todo o departamento. Vale lembrar que o primeiro vin primeur da França é do Aude. Quem sabe algum importador pega a onda e traz no ano que vem?