13.4.07

Fontfroide dá Papa e bons vinhos há nove séculos


No sudoeste de Narbonne, Sul da França, existe um vale com paisagem típica do Mediterrâneo, nele se esconde um magnífico conjunto cisterciano a abadia Sainte Marie de Fontfroide.

O início da construção dessa abadia ocorreu no final do século XI por monges de obediência beneditina. Em meados do século XII, Fontfroide passa a integrar a ordem de Cister, ordem monástica católica fundada em 1098, por Robert de Molesne. Os seus monges são conhecidos como monges brancos devido à cor do seu hábito.
Ao oposto dos Beneditinos, os cistercianos viviam na austeridade. As suas jornadas eram longas, divididas entre as rezas e os trabalhos no campo, interrompidas somente por sete horas de descanso ao dia. As suas refeições refletiam as suas maneiras de viver, comidas magras acrescidas de pão e um pouco vinho.

Na metade do século XII, a abadia recebe doações importantes em terras, o que lhe permite fazer novas construções. Seus domínios se estendem até a Catalunha.

Durante a cruzada dos Albigenses (1208 – 1229), a abadia foi um dos lugares mais ativos na defesa da ortodoxia católica contra os cátaros, considerados como heréticos.

Inúmeros abades de Fontfroide ao longo dos séculos tiveram um papel importante em Roma, no século XIV, um deles, Jacques Fournier, foi eleito papa sob o nome de Bento XII (1334 a 1342).

No século XV, a abadia perdeu seu título abacial, e por conseqüência seus rendimentos caíram em declínio. Durante a revolução, os monges tiveram que deixar Fontfroide, mas apesar deste fato e devido a sua localização privilegiada, as suas construções foram relativamente preservadas. Os cistercianos reocuparam a abadia a partir de 1858 até 1901, data em que Fontfroide foi colocada à venda.

Um americano se propôs a comprá-la, mas queria na verdade levar todas as peças arquitetônicas para os Estados Unidos a fim de lá reconstruí-la. O prefeito de Beziers da época não deixou e fez uma proposta de venda para Gustave Fayet, pintor renomado da região e importante antiquário, que a comprou em 1908. Gustave Fayet restaurou todas as construções e os vitrais da abadia.

Fontfroide até hoje pertence a mesma família e recebe mais de 100 mil visitantes ao ano. É o patrimônio histórico privado mais visitado do departamento do Languedoc.

Fontfroide, que desde seus primórdios produz vinhos faz na atualidade um excelente AOC Corbières. Seu top, o Deo Gratias, conquistou o prêmio máximo da atual edição do Guia Hachette. Foram 3 estrelas e um “coup de coeur”, o melhor entre os melhores. Com certeza vale uma visita e uma degustação de toda a gama de seus bons vinhos.
Por Edith Monseux

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