1.4.09

Os grandes vinhos de cooperativas do Languedoc


Há quem diga que cooperativa só faz vinho ruim. Cantiga comum na boca dos maiores especialistas. Esta afirmação esteve próxima da verdade há 20 anos atrás, quando todos os viticultores do Languedoc, sul da França, faziam vinhos ruins. Como se sabe esta realidade mudou. Nas diversas apelações da região como Corbières, Fitou e Minervois os métodos de condução dos vinhedos, a substituição de certas castas, a melhoria dos métodos de vinificação, a busca da qualidade e não mais do volume, foram responsáveis por esta evolução. Na verdade o que se viu foi uma mudança na mentalidade do viticultor. A partir dos anos 70 diversas apelações se tornam AOC, uma recompensa ao esforço de cooperados e produtores independentes.

Sieur d’Arques-Aimery
Limoux é a mais antiga apelação controlada do Languedoc, seu decreto foi publicado em 1938. Hoje a Cooperativa de Sieur d’Arques-Aimery, em Limoux, é um exemplo de que não são apenas os Chateaux e Domaines que fazem grandes vinhos. Uma prova deste reconhecimento é joint-venture desenvolvida com a baronia Philippine de Rothschild, em Saint-Polycarpe, onde produzem excelentes tintos AOC Limoux.
Sieur d’Arques tem na linha Toques e Clochers seu ponto alto. Os AOC Limoux brancos, 100% chardonnay e com no mínimo 12 meses em barricas, são resultado de uma seleção extremamente rigorosa tanto das parcelas e seus viticultores quanto dos territórios da apelação. Limoux foi dividida em quatro terrirórios geo-climaticamente diferentes. Haute Valée (alto vale), na montanha, a mais de 300 metros de altitude, com índice pluviométrico em torno de 750 mm, com primavera tardia e outono fresco. O solo é argilo-calcáreo mais ou menos pedregoso. A maturidade da Chardonnay é tardia. O território Mediterranean (Mediterrâneo), situa-se entre 100 e 200 metros, tem precipitações de 650 mm, é muito exposto aos ventos do mediterrâneo, o chamado marin. Sua geologia é de aluvião recobrindo um marna argilo-calcáreo. Océanique (Oceânico) tem altitude de 200 a 300 metros, chuvas que atingem 780 mm e uma maturidade tardia. O solo é de arenito pedregoso do período luteciano. Estas diferenças vão dar 4 vinhos bem distintos todos pontuados em torno de 90 pontos. A cor é de um amarelo ouro para todos, sendo o oceânico um pouco mais claro. Todos muito complexos cada um se harmonizando melhor com um prato diferente ou mesmo no aperitivo como o Océanique. O campeão de popularidade é o Haute Valée que combina maravilhas com frutos do mar e peixes, mas também pode ser servido em aperitivo. Bem encorpado, tem um final largo na boca onde se percebe maçã, pêra e especiarias, com um ligeiro toque de defumado. É por isto que após degustar os 4 territórios Michel Lorain disse ” ...e eu achava que um bom chardonnay só podia ser feito na Bourgonha e não é que eu me enganei!”
Segundo Alain Gayda, diretor geral e enólogo, com uma presença marcante de chardonnay, a grande uva de Limoux, é no Crémant de Limoux Toques et Clochers, ainda não disponível no Brasil, que toda a experiência e tradição beneditina se exprimirá. Selecionada como melhor opção de compra pelo famoso Guia Hachette e com pontuação superior a 90, este crémant colhido manualmente passa pelo menos 12 meses em barris de carvalho antes de entrar numa garrafa. Toques et Clochers tem bolhas delicadas e é muito aromático onde ressaltam o pêssego, a avelã e notas de manteiga. Melhor que muitos brut de Champagne e custando menos da metade do preço provocou a troca em muitas cartas de vinhos de grandes restaurantes franceses. Outro destaque entre os espumantes de Sieur d’Arques é a Cuvée 1531 de Aimery, importada pelo supermercado carioca Zona Sul, recomendada no Guia Hachette de vinhos 2007 e medalha de ouro no Concurso Geral Agrícola de Paris. A Blanquette de Limoux Cuvée Imperiale, importada pela Nunes Martins, sob o selo Aimery, é um entrada de linha para restaurantes e empórios, com uma ótima relação custo benefício que honra a tradição desta excelente cooperativa e de suas "branquinhas".

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