28.3.07

Os novos vinhos do Velho Mundo.


O paladar do consumidor brasileiro sofreu nos últimos 15 anos uma forte influência dos vinhos do novo mundo. O vinho chileno foi aquele que moldou mais o gosto nacional. Esta participação novo mundista se compõe também de californianos, australianos, africanos do sul e tardios argentinos que provocam, no momento, um grande estrago em mercados outrora cativos dos produtores europeus, sobretudo na Inglaterra e Estados Unidos, mas também aqui.

No Brasil, boa parte de uma nova geração de consumidores foi iniciada com os chilenos. Educaram-se com as tradicionais castas francesas merlot, chardonnay, cabernet franc, sauvignon e cabernet sauvignon que dominam por trás dos Andes. Nesses últimos 15 anos evoluíram os vinhos do novo mundo e o consumidor brasileiro. É claro que este degustou, provou, e comprou outros vinhos do novo e do velho mundo. Os brancos tiveram um grande crescimento quando da explosão de consumo dos vinhos alemães. Você se lembra da famigerada garrafa azul? Como se bebia vinho alemão, foram 3 milhões de litros em 98. Moda que passou e arranhou sua imagem. Hoje a presença germânica é diminuta e restrita a umas poucas vinícolas de excelência.

No Brasil observamos a diminuição da presença dos vinhos da Itália e principalmente da França que, no entanto reagiu em 2006 e cresceu 83%. Vimos com o fim da paridade peso-dólar a chegada dos vinhos argentinos de vinícolas tradicionais de um país que há muito produz, ama e consome bons vinhos. São 38 litros per capita ao ano contra 2 litros na média tupiniquim.
Não nos esquecemos do papel importantíssimo da nossa viticultura nesta educação enófila. Desde o simplório São Roque, que introduziu nos mistérios do vinho muitos que hoje são verdadeiros iniciados na arte da degustação aos melhores vinhos do Vale dos Vinhedos. Os produtores gaúchos realizaram um esforço que hoje coloca nossos vinhos em um digno patamar. Esforço que culmina com a elaboração de grandes espumantes na serra gaúcha. O consumidor acompanhou esta evolução e cresceu junto com uma melhor e diversificada oferta. Hoje aquele que descobriu no chileno o seu vinho predileto mostra-se um pouco cansado deste vinho bom, porém sempre muito parecido entre si, muito uniforme. É neste momento que uma nova onda se forma. Já se escuta entre os grandes estudiosos do vinho e os melhores sommeliers um burburinho, uma agitação em busca de algo novo, ou melhor em busca de algo velho, um verdadeiro back to the future. De volta para algo que estava faltando no Brasil: a diversidade.
Mas este retorno não podia ser de forma idêntica. Até por que no Velho Mundo também ocorreram mudanças. Novas apelações surgiram a partir dos anos 70, muitas técnicas de condução do vinhedo e de vinificação foram aperfeiçoadas.
O que está emergindo são os novos vinhos do velho continente. Com muita qualidade, rica diversidade de territórios, castas diferentes e preços competitivos. Estes novos vinhos começam a ser descobertos no Brasil e por toda parte. É uma linda redescoberta dos vinhedos europeus.

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